Para Sentir

“Só devemos dizer aquilo que o coração pode testificar mediante atos sinceros, porque, de outra forma, as afirmações são simples ruído sonoro de uma caixa vazia.”

Texto extraído do livro BOA NOVA, Lição 10 – O Perdão - Psicografia de Francisco Cândido Xavier, por Humberto de Campos

terça-feira, 22 de maio de 2012

Necessidade de valorização

Os destrutivos gigantes da alma, que exteriorizam os tormentos e a imaturidade do ego, de alguma for­ma refletem um fenômeno psicológico, às vezes de procedência inconsciente, noutras ocasiões habilmente estabelecido, que é a necessidade da sua valorização.

Quando escasseiam os estímulos para esse come­timento do eu, sem crescimento interior, que não re­cebe compensação externa mediante o reconhecimento nem a projeção da imagem, o ego sobressai e fixa-se em mecanismos perturbadores a fim, de lograr atenção, desembaraçando-se, dessa forma, do con­flito de inferioridade, da sensação de incompletude.

Tivesse maturidade psicológica e recorreria a ou­tros construtores gigantes da alma, como o amor, o esforço pessoal, a conscientização, a solidariedade, a filantropia, desenvolvendo as possibilidades de enri­quecimento interior capazes de plenificação.

Acostumado às respostas imediatas, o ego infan­til deseja os jogos do prazer a qualquer preço, mesmo sabendo que logo terminam deixando frustração, amargura e novos anelos para fruir outros. A fim de consegui-lo e por não saber dirigir as aspirações, asfi­xia-se nos conflitos perturbadores e atira-se ao deses­pero. Quando assim não ocorre, volta-se para o mun­do interior e reprime os sentimentos, fechando-se no estreito quadro de depressão.

Renitente, faculta que ressumam as tendências do prazer, mascaradas de auto-aflição, de autoflage­lação, de autodepreciação.

Entre muitos religiosos em clima de insatisfação pessoal, essa necessidade de valorização reaparece em estruturas de aparente humildade, de dissimula­ção, de piedade, de proteção ao próximo, estando des­protegidos de si mesmos...

A humildade é uma conquista da consciência que se expressa em forma de alegria, de plenitude. Quan­do se manifesta com sofrimento, desprezo por si mes­mo, violenta desconsideração pela própria vida, exibe o lado oculto da vaidade, da violência reprimida e cha­ma a atenção para aquilo que, legitimamente, deve passar despercebido.

A humildade é uma atitude interior perante a vida; jamais uma indumentária exterior que desper­ta a atenção, que forja comentários, que compensa a fragilidade do ego.

O caminho para a conscientização, de vigilância natural, sem tensão, fundamentando-se na intenção li­bertadora, é palmilhado com naturalidade e cuidado.

Jesus, na condição de excepcional Psicoterapeu­ta, recomendava a vigilância antes da oração, como forma de auto-encontro, para depois ensejar-se a en­trega a Deus sem preocupação outra alguma.

A Sua proposta é atual, porqüanto o inimigo do homem está nele, que vem herdando de si mesmo atra­vés dos tempos, na esteira das reencarnações pelas quais tem transitado. Trata-se do seu ego, dissimula-dor hábil que conspira contra as forças da libertação.

Não podendo fugir de si mesmo nem dos fatores arquetípicos coletivos, o ser debate-se entre o passa­do de sombras — ignorância, acomodação, automatis­mos dos instintos — e o futuro de luz — plenitude atra­vés de esforço tenaz, amor e auto-realização — recor­rendo aos dias presentes, conturbados pelas heran­ças e as aspirações. No entanto, atraído pela razão à sua fatalidade biológica — a morte — transformação do soma — histórica — a felicidade — e espiritual — a liber­dade plena — vê o desmoronar dos seus anseios e re­constrói os edifícios da esperança, avançando sem cessar e conquistando, palmo a palmo, a terra de nin­guém, onde se expressam as próprias emoções con­turbadas.

Essa necessidade de valorização egóica pode ser transformada em realização do eu mediante o contri­buto dos estímulos.

Cada ação provoca uma reação equivalente. Quan­do não se consegue uma resposta através de um estí­mulo positivo, como por exemplo: — Eu te amo, para uma contestação equivalente: — Eu também, recorre-se a uma negativa: — Ninguém me ama, recebendo-se uma evasiva — Não me inclua nisso. Sob trauma ou ran­cor, o estímulo expressa-se agressivo: — Não gosto de ninguém, para colher algo idêntico: — A recíproca é verdadeira.

Os estímulos são fontes de energia. Conforme dirigidos, brindam com resultados correspondentes.

O ego que sente necessidade de valorização, sem o contributo do self em consonância, utiliza-se dos es­tímulos negativos e agressivos para compensar-se, sejam quais forem os resultados.

O importante para o seu momento não é a qualidade da resposta esti­muladora, mas a sua presença no proscênio onde se considera ausente.

Verdadeiramente, no inter-relacionamento social, quando todos se encontram, o ego isola suas vítimas para chamar a atenção ou bloqueia-as de tal forma que não ficam ausentes, porém tornam-se invisíveis. Encontram-se no lugar, todavia, não estão ali. Essa invisibilidade habilmente buscada compensa o confli­to do ego, mantendo a autoflagelação de que não énotado, não possui valores atraentes. Tal mortificação neurótica introjeta as imagens infelizes e personagens míticas do sofrimento, que lhe compõem o quadro de desamparo emocional de desdita pessoal.

Nesse comportamento doentio do ego, a necessi­dade de valorização, porque não possui recursos rele­vantes para expor, expressa-se na enganosa autoco­miseração que lhe satisfaz as exigências perturbadoras, e relaxa, completando-se emocionalmente.

Quando o self assoma e governa o ser, os estímu­los são sempre positivos, mesmo que tenham origem negativa ou agressiva, porque exteriorizam o bem-es­tar que lhe é próprio.

Se alguém diz: Não gosto de você, a mensagem transacional retorna elucidando : — Eu, no entanto, o estimo.

Se a proposta afirma: — Detesto-o, a comunicação redargue: — Eu o admiro.

Não se contamina nem se amargura, porque, em equilíbrio, possui valor, não tendo necessidade de va­lorização.

do livro O SER CONSCIENTE de Divaldo P. Franco pelo espírito Joanna d´Ângelis

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