Para Sentir

“Só devemos dizer aquilo que o coração pode testificar mediante atos sinceros, porque, de outra forma, as afirmações são simples ruído sonoro de uma caixa vazia.”

Texto extraído do livro BOA NOVA, Lição 10 – O Perdão - Psicografia de Francisco Cândido Xavier, por Humberto de Campos

quarta-feira, 23 de julho de 2014

CARINHO E CONFORTO

Que significava aquela afirmação?

Rente a mim, conservava-se tia Eunice, viva e bem disposta.

Não conseguiria manter qualquer dúvida. Não me encontrava mais envolvido na alucinação ou no sonho. Minha consciência estava lúcida.

Intrigava-me, contudo, variadas questões, atormentando-me o raciocínio. Sabia que tuia Eunice já havia morrido desde e muito. E eu? Não me encontrava ali, num quadro natural? Tocava meu próprio corpo, observava paredes e móveis. “Aquilo” seria morrer?

Bastou que eu formulasse tais pensamentos para que ela me sorrisse, bondosa, acrescentando:

- Sim Carlinhos, você permanece agora entre nós, os que já passamos pela sombra do túmulo.

Francamente, senti arrepios de medo, ,as Tia Eunice, longe de magoar-se, observou:

- Tolinho! Por que se acovardar? Não tema.

Tanta serenidade infundiu-me confiança. Contudo, os gritos que eu ouvia perturbavam-me o equilíbrio. Por que motivo escutava semelhantes vozes da mamãe, ali, onde não tinha razão de ser? Imenso mal-estar apoderou-se de mim. Todas as dores, que eu sentia, anteriormente, regressaram ao meu corpo.

Comecei a chorar, convulsivamente.

Tia Eunice, todavia, compreendeu tudo e, dando mostras de saber o que se passava em meu íntimo, acariciou-me, dizendo:

Não se assuste, meu filhinho. As vozes que ouve são realmente da mamãe, que ainda não pode compreender a vida. Você ainda se encontra ligado a ela por vigorosos laços de amor, cheio de apego desvairado e violento. Tenha calma e procure distrair-se.

Quis obedecer à ordem afetuosa, mas não pude. Aqueles apelos que me pareciam chegar de muito longe e minhas ânsia de rever a mamãe querida eram demasiado fortes para que me sentisse libertado num minuto.

Oh! Mas era horrível! Os gritos maternos faziam-se mais altos e mais fortes, dentro de mim, à medida que eu cedia ao desejo de tudo recordar. E, com isso, voltaram-se todos os sofrimentos, um a um: a falta de ar.

Tive a idéia de que recomeçava também minha longa e dolorosa agonia.

Tia Eunice exortou-me a ser forte e pensar na Bondade Divina, de modo a vencer as pesadas impressões do momento, mas debalde.

Após banhar-me a fronte em água fresca, apanhada em vaso próximo, acentuou, carinhosamente:

- Não tenha receio. Temos igualmente devorados médicos por aqui e já mandamos buscar um facultativo para atender-nos.

Aflito e desalentado, comecei a esperar.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio )

Nenhum comentário:

Postar um comentário