Para Sentir

“Só devemos dizer aquilo que o coração pode testificar mediante atos sinceros, porque, de outra forma, as afirmações são simples ruído sonoro de uma caixa vazia.”

Texto extraído do livro BOA NOVA, Lição 10 – O Perdão - Psicografia de Francisco Cândido Xavier, por Humberto de Campos

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

MENOS E MAIS

Quanto menos trabalho, mais preguiça.

Quanto menos esforço, mais estagnação.

Quanto menos direito, mais insegurança.

Quanto menos serviço, mais penúria.

Quanto menos fé, mais desconfiança.

Quanto menos caridade, mais aspereza.

Quanto menos entendimento, mais perturbação.

Quanto menos bondade, mais intolerância.

Quanto menos diligência, mais necessidade.

Quanto menos simpatia, mais obstáculos.

Quanto mais fizeres pelos outros, mais receberás do próximo em teu beneficio.

Quanto mais auxiliares, mais serás auxiliado.

Quanto mais aprenderes, mais saberás.

Quanto mais te aplicares ao bem, mais o bem te glorificará o caminho.

Quanto mais te consagrares ao próprio dever, mais respeito e mais nobreza te coroarão.

Quanto mais te dedicares ao plantio da fé pela compreensão de nossa insignificância, à frente do Senhor, mais a fé brilhará em tua fronte.

Quanto mais sacrifício puderes suportar, mais alta ser-te-à a própria sublimação.

Quanto mais te humilhares, buscando a posição do fiel servidor da Divina Bondade, mais engrandecido te farás diante da Lei.

Quanto mais suportares as falhas alheias, usando a paciência e a afabilidade, mais amor conquistarás naqueles que te observam e seguem.

Quanto mais souberes perder nas ilusões da Terra, rendendo culto diário à reta consciência, mais lucrarás na Imortalidade Vitoriosa.

Recordemos o ensinamento do Cristo: “Ao que mais tiver mais lhe será acrescentado”.

E, aumentando a nossa Boa Vontade no Trabalho que o Senhor nos concede para as horas de cada dia, estejamos convictos de que mais seguramente avançaremos no rumo de nossa própria libertação.

Pelo Espírito Emmanuel, Psicografia de Francisco Cândido Xavier; Livro: Bênçãos de Amor. Lição nº 16. Página 65.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

CONCLUSÕES

Agora, meu irmão, que devo endereçar essa carta, envio a você um abraço afetuoso, esperando que minha experiência possa ser útil ao seu coração.

Não se julgue, dentro da vida, como alguém que nunca prestará contas dos atos mais íntimos.

Tudo o que praticamos, Dirceu, permanece gravado no livro da consciência.

O bem é a sementeira da luz, portadora de colheitas sublimes de alegria e paz, enquanto que o mal nos enegrece o espírito, como tinta escura que mancha os alvos cadernos escolares.

Ouça a palavra esclarecedora de nossos pais, os primeiros amigos que a Bondade Divina colocou à portas e nossa vida terrestre, e nunca despreze os bons conselhos recebidos. A nossa natureza, quase sempre, reclama ternura e compreensão dos que nos cercam, mas a nossa necessidade de preparação espiritual exige luta e contrariedade. Nem sempre aprendemos o necessário, recebendo demasiadas carícias. Por isso mesmo, na maioria das ocasiões, precisamos do socorro de advertências mais fortes.

Não seja, pois, rebelde à orientação do lar.

Em suma, Dirceu, seja bondoso, fraterno, aplicado ao estudo e ao trabalho. Conserve amizade sincera aos livros. Faça-se amigo prestimoso de todas as pessoas, ainda quando não possa você ser compreendido imediatamente por elas.

Não descreia da boa semente, embora a germinação se faça tardia.

Não maltrate nem persiga os animais úteis ou inofensivos. È muito lamentável atitude de todos a aqueles que convertem a vida terrena num instrumento de perturbação e destruição para os mais fracos.

Seja bom, Dirceu, profundamente bom, verdadeiro e leal. E creia que todos os seus atos nobre serão largamente recompensados.

Agora, meu querido irmão, devo terminar.

Beije por mim a mamãe e a papai. Estou certo de que um dia nos reuniremos, de novo, no Grande e Abençoado Lar, sem lágrimas e sem morte.

Até lá, conservemos, acima de todas as dores e incertezas, nossa fé viva em Deus e a nossa suprema esperança no destino.

Adeus.

Receba muitas saudades do seu afetuoso –

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

PRÊMIO

Na semana última, terminei o primeiro ano de minha permanência no Parque e devo assinalar que recebi valioso prêmio de grata significação para mim.

Trabalhei, esforçando-me quando que possível para ser disciplinado, com aproveitamento das lições.

Nos dez últimos meses, gastei as horas de recreio em serviços de proteção aos animais, que passaram a querer-me bem, com amizade e simpatia; realizei estudos espirituais de muita importância para o meu futuro, e participei, algumas vezes, de comissões de auxílio fraternal, enviadas a companheiros de luta. Alegre tranquilidade banhava-me a consciência.

Muitos meninos de minha classe foram promovidos a curso mais elevado, entre os quais tive o júbilo de ser incluído.

Houve uma festa, cheia de alegria e beleza, em que recebi o distintivo da “Boa-Vontade”, uma linda medalha, esculturada numa substância semelhante a prata e luminosa, apresentando essas duas palavras escritas, em alto relevo, com uma tinta dourada.

Nesse dia venturoso, o professor abraçou-me comovidamente e declarou-me que eu poderia solicitar alguma coisa, alguma concessão nos trabalhos finalistas.

No fundo de meu coração, estava o desejo de ir a casa. Queria abraçar mamãe, papai e ver você. Tinha a idéia de que me encontrava distante há muitos anos e, por isso mesmo, recebi a notificação com imensa alegria.

Respondi, ansioso, que, se me fosse permitido rogar algum contentamento maios que o de ser promovido à categoria superior, pediria para visitar o lar terreno, a fim de abraçar os entes amados de meu coração.

O instrutor, porém, afagando-me delicadamente, ponderou que eu ainda não possuía as forças precisas para semelhante cometimento. Ave frágil, não dispunha de penas para vôo tão arrojado. Mas acrescentou que o meu desejo seria atendido em parte.

No dia seguinte, fui notificado de que veria mamãe, apenas mamãe, por alguns momentos, numa instituição piedosa situada nas regiões mais próximas daí.

Logo após, numa linda noite, acompanhado de tia Eunice, a cujos cuidados me deixou o orientador, fui ao encontro de nossa mãezinha, numa casa grande e bonita, onde havia intensa movimentação de Espíritos amigos já distanciados do corpo carnal.

O que foi essa hora divina, não poderei descrever. Mamãe foi trazido por uma senhora iluminada e bela. Parecia mergulhada numa indefinível admiração que a tornava perplexa. Parecia não ver a senhora que a amparava, maternalmente, e, ao aproximar-se de nós, não percebeu a presença de nossa tia, ao meu lado. Quando pousou os olhos sobre mim, reconheceu-me e gritou meu nome muitas vezes. Atirei-me, chorando de júbilo, aos seus braços e estivemos assim, unidos e em lágrimas, durante todos os minutos reservados ao reencontro.

Por fim, a generosa mensageira que a trouxera aproximou-se de mim e falou:

- Basta, meu filho! A alegria também pode prejudicar os que ainda se encontram no corpo.

- Em seguida, retirou mamãe, devagarinho, como quem cuida de uma pessoa doente.

Voltei, então, ao Parque, junto de tia Eunice, com uma esperança nova a banhar-me o coração.

A Bondade de Deus não nos separa as almas para sempre.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

REPARAÇÃO

Terminada a prece, recompus a fisionomia, pedindo ao professor me ensinasse o melhor recursos de resgatar o erro cometido por mim noutro tempo.

Recomendou-me, então, em preleção que servisse para todos os alunos da classe, a aproveitar o ensino e a experiência, dispensando o possível carinho dos animais, que são igualmente criaturas de Deus em marcha progressiva para o aperfeiçoamento, como todos nós, e exortou-me a renovar as recordações daquela hora, com orações fervorosas e sinceros propósitos de nunca mais destruir a vida dos seres frágeis e inofensivos da Criação Divina.

Em seguida, comentou as conseqüências desastrosas de nossos gestos impensados ou criminosos, que espelham desarmonias e perturbações.

Explicou que tem visto inúmeros meninos com os quais se verificou o que ocorria, embora fossem outros os fatos lamentáveis recordados. Lembrou muitas crianças de grande porte, com bastante entendimento, que passam longas horas derrubando ninhos, prendendo aves ou matando-as sem consideração, perseguindo cães trabalhadores ou apedrejando, por perverso prazer, animais úteis e mansos.

Esclareceu que todos os jovens dessa espécie experimentam aqui provações bem amargas, sendo obrigados a reparar as faltas que levaram a efeito no mundo, com absoluto menosprezo das respeitáveis determinações dos pais ou dos bons conselhos das pessoas mais velhas.

Desde então, lembro-me de Bichaninho, sinto-lhe, ainda, a imagem dentro de mim; entretanto, com o poder da prece, meu pensamento tranquilizou-se, voltando ao passado em atitude de sincero arrependimento, pedindo perdão.

Humilhei os meus sentimentos caprichosos, dos quais sempre ocultara o lado mau, e, por isso, tenho melhorado.

Já não possuo mais ócios e nem horas desaproveitadas.

Em todos os instantes consagrados a recreios e diversões, encontro árvores para cuidar e animaizinhos daqui, aos quais posso auxiliar com eficiência e proveito.

Eu, que tanto me alegrava vendo s aves perseguidas pelos meninos fortes, hoje me dedico a ajudar pequenos pássaros na construção de ninhos.

E observo que, diante da minha atitude interior transformada, todas as pessoas que me cercam como que se transformaram para mim. Recebo olhares afetuosos e agradecidos de toda a parte. Os professores e colegas parecem-me mais simpáticos, mais amigos.

Notando-me o sincero esforço para corrigir-me, ninguém me falou do gato apedrejado.

O episódio triste foi esquecido bondosamente por todos.

Devo às árvores e aos passarinhos, aos quais me tenho consagrado nos últimos tempos, as alegrias que me enchem o coração.

Tenho quase certeza de que Bichaninho me perdoou a maldade. Sinto que fiz a paz comigo mesmo e creio que, se eu voltasse presentemente para casa, seria melhor filho e melhor irmão.

Oh, Dirceu, nunca atormente nem mate os animais úteis e inofensivos! Tendo chorado muito para reparar o erro que cometi.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

CONSCIÊNCIA

Tenho aprendido aqui muitas lições inesperadas.

Jamais pensei que uma criança preguiçosa pudesse fazer tanto mal.

Desde que reconheci isso, meu irmão, tenho chorado muito.

Lembra-se de Bichaninho, o gato de dona Susana, que eu matei a pedradas?

Oh!... como me custa contar tudo a você!...

Aqui, nas aulas do Parque, à medida que fui recebendo os ensinos do nosso professor de obrigações humanas, fui recordando minha falta mais nitidamente. O conhecimento de nós mesmos diante do Universo e da Vida, ao que me parece, acende uma luz, muito forte nas zonas ,mais íntimas de nosso ser. Com essa claridade misteriosa, minhas recordações dos dias que se foram surgem completas e movimentadas em minha imaginação. É assim que, penetrando o fundo de mim mesmo, revi minha vítima, ouvindo-lhe, de novo, os gemidos angustiosos. Inundada pela luz da verdadeira compreensão, minha visão interior permanecia como que alterada. Comecei a ver Bichaninho, em toda a parte. Trazia-o comigo no estudo e no recreio, no serviço e no descanso.

Chegou um momento em que eu não pude mais. Gritei com toda a força. Pedi socorro ao professor e aos colegas. Nosso instrutor falava, justamente nesse instante, sobre o amor e a gratidão que devemos aos animais e, dentro de minha consciência, nesse minuto inesquecível, os olhos aflitos do gatinho pareciam procurar os meus, suplicando piedade.

Vencido, ajoelhei-me em pranto, confessei minha falta grave em alta voz e supliquei ao orientador das lições me afastasse daquele quadro terrível.

Voltaram-se para mim os companheiros, assustados, quando cai, gritando.

O instrutor, todavia, sorriu, benévolo como sempre, aproximou-se, abraçando-me paternalmente, e disse:

- Já sei o que lhe ocorre, meu filho! Tenha calma e paciência. Você está melhorando, porque já descobre as próprias faltas por si mesmo.

Reparei que ele se achava igualmente comovido. Mostrava os olhos rasos d’água.

Depois de longa pausa, afagou-me a cabeça e explicou:

Porque você matou esse gato trabalhador e inocente, sem necessidade, a imagem da vítima está profundamente associada às suas lembranças.

Compreendendo que o professor enxergava quanto se achava oculto em minhas recordações, abracei-me a ele e supliquei:

Meu protetor, meu amigo, ajude-me por piedade!

Ouviu-me com emoção a súplica e compadeceu-se efetivamente de mim, porque impôs as mãos acolhedoras sobre a minha cabeça e orou com sentimento tão sublime, em favor de minha tranquilidade, que senti repentina renovação. Aquelas mão carinhosas irradiaram intensa luz que me penetrou todo o ser, e aquele banho de energias novas, aliado ao alívio da confissão diante de todos, apaziguou-me o espírito.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

ORGANIZAÇÃO

Achando-se o nosso primo Antoninho no mesmo Parque onde me encontro, naturalmente você gostará de ter notícias deles, supondo-o talvez junto de mim.

É verdade que respiramos o ambiente da mesma instituição; no entanto, o grande colégio está dividido em seções muito diversas entre si.

Segundo expliquei, faço parte de pequena turma de crianças recém-chegadas daí da Terra e Antoninho já veio há mais tempo. Além disso, nosso primo foi um modelo de bondade e obediência. Era bom. Dava prazer aos pais. Auxiliava os companheiros com alegria. Nunca prendeu os animais e nunca os feriu por maldade. Não perdia tempo com brincadeiras de mau gosto. Dedicava-se à leitura instrutiva e ao trabalho coma devoção sincera do menino correto e estudioso. De tudo isso fui devidamente informado por um dos professores que nos visitam a classe, ao qual inquiri sobre a diferença entre a minha situação e a de nosso querido amigo.

Em vista de minha condição inferior, não posso ir vê-lo; mas Antoninho já conquistou regalias que eu ainda não possuo, e, de vez em quando, vem bondosamente animar-me e consolar-me.

Em outras ocasiões, abraçamo-nos na reunião geral do Parque, quando todos os meninos e meninas dos cursos superiores e inferiores se encontram, uma vez por semana, no dia consagrado à prece e à fraternidade.

Talvez cause surpresa a você o que estou contando, mas nem todas as crianças trabalham e estudam juntas.

Temos no enorme Parque muitas divisões para os meninos e meninas, em separado, executando-se certa região, a mais elevada de todas, em que uns e outras se localizem em comum, tais os sentimentos sublimes de que são portadores. Quanto à grande maioria de jovens internados no instituto, eles se congregam em agrupamentos maiores ou menores, de acordo com as tendências que os caracterizam.

Há meninas e meninos fracos, doentes, ignorantes e instruídos, revelando atraso, inércia ou adiantamento nas expressões evolutivas, havendo, para cada categoria, seção especializada.

Minha turma constitui-se de crianças recém-vindas, sem qualquer preparo espiritual e com sérios defeitos para corrigir.

Nesse particular, não preciso recordar a você que nunca fui inclinado à disciplina e ao trabalho.

Fazia questão de cultivar a preguiça. Gostava dos bolos, do café com leite, das refeições, da bicicleta, de minhas bolas de gude, mas nunca soube o preço, nem o esforço que tudo isso custava à mamãe e ao papai.

Hoje, porém, invejo os meninos obedientes e bons, observando-lhes a felicidade quando deles me aproximo nas horas de repouso e oração. Vejo-os sorridentes e venturosos, quando passam junto de mim, sem vaidade ou afetação, e peço a Jesus, com firmeza, me anime a ser trabalhador e perseverante no bem, a fim de que, um dia, possa unir-me a eles, nos grandes e abençoados serviços de elevação espiritual.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

TRABALHO

Depois das lições, que são sempre agradáveis e edificantes, somos conduzidos a uma oficina de grandes proporções, onde trabalhamos na composição de material de ensino para os jovens de cursos superiores, serviço esse que é sempre orientado por sábios instrutores de nossa nova esfera de ação.

Atendemos, por essa forma à obrigações com imenso proveito, porque cumprimos o dever que nos cabe, preparando-nos, ao mesmo tempo, para tarefas maiores.

Tanta atenção e cuidado deveremos, porém, dispensar ao serviço, que Zacarias, um de nossos colegas mais resolutos, resolveu interpelar, respeitosamente, um dos orientadores, indagando:

- Todos trabalham, como nós, depois da morte do corpo?

- Como não? – respondeu ele sorridente.

- É que – tornou companheiro, acanhado – nos ensinaram na Terra que, depois da morte, somente encontraríamos o repouso eterno, quando bons, e a eterna punição, quando maus.

- É uma ilusão dos homens – esclareceu generosamente o instrutor -, quase sempre interessados em criar artifícios para o engano de si mesmos. A maioria das criaturas encarnadas, nos círculos terrenos, não escondem o desejo vicioso de gozar sem esforço, receber benefícios sem proporcioná-los a outrem e repousar sem servir.

Nesse ponto dos esclarecimentos, sorriu bem-humorado e continuou:

A propósito de semelhante verdade, a maior parte dos meninos que chegam, até aqui, são sempre portadores de enraizados defeitos. Foram muitíssimo mal habituados em casa. Escravizaram-se ao carinho excessivo, ausentaram-se das pequenas responsabilidades e deveres que lhes competiam na organização familiar e, ao serem surpreendidos pela morte, sofrem angustiosamente com a readaptação, porque a vida continua, pura e simples, exigindo do serviço, esforço e boa-vontade de cada um de nós.

Aquelas palavras queimavam-me a consciência. Recordei minha situação antiga. Vi-me, de novo, em casa, reclamando a atenção de todos, sem qualquer resolução de ser útil aos outros. Não sei se acontecia o mesmo a outros companheiros de turma, que, atentos, mas desapontados, escutavam as explicações. Sei apenas que experimentei íntima sensação de vergonha.

Em seguida ao intervalo havido nas observações, o orientador continuou esclarecendo-nos que só os maus e os indiferentes buscam meios de fugir ao trabalho, que o serviço nos é concedido como verdadeira benção de luz e paz. Por fim, exortou-nos a recordar que Jesus, em criança, trabalhava na carpintaria, preparando peças de madeira dando-nos o exemplo de correto aproveitamento do tempo infantil, acrescentando, ainda, que se houvéssemos sido educados, quando nos lares terrestres, no espírito de serviço, não teríamos tanta dificuldade de readaptação à vida espiritual.

Confesso que estou plenamente de acordo com semelhante ponto de vista.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

TRABALHO

Depois das lições, que são sempre agradáveis e edificantes, somos conduzidos a uma oficina de grandes proporções, onde trabalhamos na composição de material de ensino para os jovens de cursos superiores, serviço esse que é sempre orientado por sábios instrutores de nossa nova esfera de ação.

Atendemos, por essa forma à obrigações com imenso proveito, porque cumprimos o dever que nos cabe, preparando-nos, ao mesmo tempo, para tarefas maiores.

Tanta atenção e cuidado deveremos, porém, dispensar ao serviço, que Zacarias, um de nossos colegas mais resolutos, resolveu interpelar, respeitosamente, um dos orientadores, indagando:

- Todos trabalham, como nós, depois da morte do corpo?

- Como não? – respondeu ele sorridente.

- É que – tornou companheiro, acanhado – nos ensinaram na Terra que, depois da morte, somente encontraríamos o repouso eterno, quando bons, e a eterna punição, quando maus.

- É uma ilusão dos homens – esclareceu generosamente o instrutor -, quase sempre interessados em criar artifícios para o engano de si mesmos. A maioria das criaturas encarnadas, nos círculos terrenos, não escondem o desejo vicioso de gozar sem esforço, receber benefícios sem proporcioná-los a outrem e repousar sem servir.

Nesse ponto dos esclarecimentos, sorriu bem-humorado e continuou:

A propósito de semelhante verdade, a maior parte dos meninos que chegam, até aqui, são sempre portadores de enraizados defeitos. Foram muitíssimo mal habituados em casa. Escravizaram-se ao carinho excessivo, ausentaram-se das pequenas responsabilidades e deveres que lhes competiam na organização familiar e, ao serem surpreendidos pela morte, sofrem angustiosamente com a readaptação, porque a vida continua, pura e simples, exigindo do serviço, esforço e boa-vontade de cada um de nós.

Aquelas palavras queimavam-me a consciência. Recordei minha situação antiga. Vi-me, de novo, em casa, reclamando a atenção de todos, sem qualquer resolução de ser útil aos outros. Não sei se acontecia o mesmo a outros companheiros de turma, que, atentos, mas desapontados, escutavam as explicações. Sei apenas que experimentei íntima sensação de vergonha.

Em seguida ao intervalo havido nas observações, o orientador continuou esclarecendo-nos que só os maus e os indiferentes buscam meios de fugir ao trabalho, que o serviço nos é concedido como verdadeira benção de luz e paz. Por fim, exortou-nos a recordar que Jesus, em criança, trabalhava na carpintaria, preparando peças de madeira dando-nos o exemplo de correto aproveitamento do tempo infantil, acrescentando, ainda, que se houvéssemos sido educados, quando nos lares terrestres, no espírito de serviço, não teríamos tanta dificuldade de readaptação à vida espiritual.

Confesso que estou plenamente de acordo com semelhante ponto de vista.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

ENSINAMENTOS

Naturalmente, você perguntará como se desenvolvem nossos trabalhos escolares e, de antemão, posso responder-lhe que os serviços dessa natureza, em nossa vila espiritual, são quase idênticos aos de um estabelecimento de ensino na Terra.

Temos material didático, em quantidade variada e enorme, inclusive livros e cadernos de exercícios.

O sistema de ação dos professores, porém, é bastante diverso.

Não somente ensinam: guardam, confortam, orientam.

Acho-me, por exemplo, num curso de bom comportamento e retificação sentimental.

Noto que os instrutores não se descuidam da parte intelectual propriamente dita, preparando-nos o conhecimento das condições alusivas à vida nova em que nos encontramos.

Para isso, valem-se das realizações que já edificamos na Terra. Não nos perturbam com revelações prematuras, nem com demonstrações suscetíveis de alterar o equilíbrio de nossas emoções. Tomam, como ponto de partida, as experiências que já adquirimos e ajudam-nos a desenvolvê-las, gradualmente, sem ferir-nos os raciocínios mais agradáveis.

Tenho a impressão de que os orientadores daqui recebem-nos os conhecimentos terrestres como sementes dos conhecimentos celestiais. Em razão disso, não nos esmagam com a exposição maciça da sabedoria de que são portadores. Cercam-nos de cuidados e carinhos especiais, para que as nossas faculdades superiores germinem e cresçam.

O que assombra, porém, é a vigilância paternal que os abnegados orientadores desenvolvem junto de nós, no sentido de despertarem nossas idéias mais elevadas.

Nesse propósito, curso de introdução às aulas superiores está cheio de temas relativos à melhoria espiritual que nos compete atingir. Longas horas são aproveitadas no exame atencioso de interrogações como estas:

- Que pensamos acerca do Cristo?

- Como recebemos os favores da Natureza?

- Que fazemos da vida? Quais os objetivos de nosso esforço pessoal?

- Que concepção alimentamos, relativamente ao tempo e à oportunidade?

- Quais são as diretrizes dos nossos pensamentos?

- Estaremos utilizando para o bem os instrumentos e as possibilidades que o Senhor da Vida nos confiou?

- Semelhantes temas, examinados inicialmente por nossos professores, em proveitosas aulas de renovação espiritual, dentro das quais nos confessamos uns aos outros através de comentários serenos e francos, fazem luz sobre nós mesmos, revelando-nos aos olhos da extensão de nossas necessidades, pelo egoísmo, pela indiferença e ociosidade em que temos vivido desde muito nos círculos terrestres.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

COMPANHEIROS

Depois de julgado apto para a nova tarefa, passei a figurar numa turma de vinte e oito alunos, todos recém chegados da Terra.

Iniciando-me nas lições, tive oportunidade de conhecer vários desses colegas. A maioria permanente na mesma posição de luta mental em que me encontro.

As saudades do lar distante absorvem-nos a quase todos.

Recordando os ensinamentos de equilíbrio que recebi de vovó Adélia e tia Eunice, compreendi logo que não deveria chorar, mas nem todos os companheiros procedem assim.

No dia imediato à nossa primeira aula, quando o professor determinou que descansássemos ao recreio, o Abelardo, aluno mais novo de nossa classe, longe de aceitar-nos o convite para um passeio, postou-se na porta de saída, a chorar copiosamente.

Miguelino, o mais experiente de mós, aproximou-se dele e perguntou:

- Então, Abelardo, que é isso?

O interpelado não respondeu, continuando a chorar, angustiadamente.

- Já sei – tornou Miguelino, de bom humor -, é saudade de casa, anseio de retornar, não é mesmo?

Sentindo-se compreendido, o companheirinho voltou-se e desabafou:

- Sim, estou com saudades de mamãe, muitas saudades de mamãe!...

Aquelas palavras, pronunciadas com tanta mágoa, cortaram-me o coração. Eu estava sofrendo a mesma dor, e, lembrando-me de casa, custei a dominar as lágrimas que tentavam cair.

Miguelino percebeu que todos nós assistíamos à cena, aflitos e saudosos, por nossa vez. Por isso mesmo, dando a entender que se dirigia a todos nós que nos emocionávamos tanto, explicou, paciente:

- Todos sentimos falta dos entes queridos que permanecem no mundo. A dor da distância nos atinge em comum. Entretanto, como poderíamos auxiliar os que ficaram, permanecendo inconformados? Resolveríamos tão grande problema, chorando sem consolo? Afinal de contas, não somos os únicos em semelhante prova. Existem aqui alguns milhares de jovens nas mesmas condições. Sofreram, como eu, a separação de criaturas que lhes eram profundamente amadas. Experimentaram a saudade, a aflição de voltar. Mas compreenderam, enfim, que nenhuma batalha pode ser ganha sem bastante valor moral, e lutaram consigo mesmos pela posse de mais valiosa compreensão. Além disso, não devemos esquecer que os nossos também virão. Precisamos preparar-nos convenientemente, desenvolvendo a nossa capacidade de auxílio, para sermos úteis a eles, no momento oportuno, Peçamos, pois, ao Supremo Pai coragem e forças.

Aquela exortação amiga penetrou-nos fortemente o espírito.

Abelardo enxugou os olhos, sorriu com esforço e, em breves instantes, nos reuníamos sob a copa de grandes árvores, consolados e entregues a interessantes e úteis conversas.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O PARQUE

No dia seguinte, muito cedo, tia Eunice conduziu-me à grande instituição.

O caminho oferecia suave encanto aos olhos e indizível contentamento à imaginação.

Árvores floridas enchiam a atmosfera de delicioso perfume. Observei que havia atividade em torno de todas as residências por onde passávamos, mas raramente enxergava uma ou outra criança.

Comentando a minha estranheza, respondeu tia Eunice que a vila se dedicava quase que exclusivamente aos trabalhos de reeducação de meninos e meninas, procedentes da Terra, mas que esses jovens, na maior parte, permaneciam internados no Parque, solucionando os problemas que lhes são próprios. Informou-me, ainda, de que somente depois do indispensável aproveitamento espiritual podem as crianças voltar a Terra ou buscar as esferas superiores. Esclareceu que nem todos os pequenos que “morrem” no mundo são obrigados a transitar por aqui, em vista de existirem meninos de grandes virtudes, os quais dispensam qualquer atividade de retificação. Contudo, a maioria das criança que chegam da Terra são portadoras de pequenos vícios, reclamando cuidado e ensinamento.

Enquanto titia falava, corei de vergonha, recordando a preguiça e a vaidade de que eu gostava tanto.

Após agradabilíssima caminhada, chegamos afinal.

O Parque é lindo.

Fui confiado à assistência de um santo velhinho, que se incumbe das crianças recém-chegadas aqui. Como não me encontrava, ainda, suficientemente seguro de mim mesmo, descansei vários dias, a distância do esforço mais ativo.

Dispus, assim, de mais tempo para examinar o vasto instituto.

Há muitas edificações, situadas entre copadas árvores. Verifiquei grande profusão de flores. Muitas são diferentes das que conhecemos em jardins terrestres e algumas delas têm a propriedade de reter a luz do dia, semelhando-se, de noite, a pequenas estralas radiantes, caídas do céu.

O vento, muito manso, está sempre impregnado de aromas. E não existe um só edifício sem flores em derredor.

Há estudos e trabalho intensos.

O Parque é subdividido em diversas escolas. Colaboram aqui muitos professores e professoras; e tantos meninos aqui se encontram localizados, que ainda não pude calcular o número exato de todos eles.

Vejo-os de várias idades e tamanhos, com exceção das crianças que vieram do plano físico com menos de sete anos, para as quais, segundo me disse um novo amiguinho, há lugares e cursos especiais.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

EM PRECE

Na primeira noite que se seguia às minhas melhoras, permaneci em companhia de vovó e tia Eunice, no salão maior da residência.

Lindo luar banhava o jardim, lá fora, e a lâmpada de claridade branda, no interior, semelhava-se a enorme pérola em forma de coração.

Vovó, que olhava o relógio com atenção, convidou-nos à prece, explicando haver chegado o momento justo.

Reunimo-nos em torno de grane mesa, em cujo centro repousava grandioso jarrão com flores vermelhas, quase iguais aos cravos que conhecemos aí.

Findos alguns minutos de silêncio, para os quais vovó Adélia me pediu os melhores pensamentos, tia Eunice fez linda oração, em voz alta, rogando a Jesus nos amparasse e esclarecesse como sempre, ajudando-nos a ser dignos da benção do Eterno Pai.

Terminada a rogativa, vasto espelho próximo começou, com grande assombro para mim, a iluminar-se de maneira maravilhosa, como se recebesse de zona desconhecida vigorosa projeção de luz dourada. Em breves momentos, surgia ali a imagem de uma senhora cativante, falando conosco.

Vovó e titia passaram a ouvi-la, atentas, enquanto não cabia em mim mesmo de admiração.

Vencida a surpresa do primeiro minuto, passei a escutá-la, fascinado pela beleza das lições e dos comentários, cheios de sabedoria, embora não conseguisse penetrar na intimidade de todos os assuntos expostos.

Suas disposições de otimismo eram, porém, admiráveis e contagiosas. Falava-nos, através de um aparelho de televisão, como se estivesse em pessoa, a três passos de nós, com notável serenidade e excelente expressão de bom ânimo.

Além das elucidações valiosas que nos trazia, comentou com mais calor, a nossa necessidade de entendimento ante os desígnios superiores, com a firme decisão de nos afeiçoaremos a eles, dentro do espírito de serviço. Esclareceu sensatamente que tudo nos ocorre para o bem, desde em que não estejamos na posição lamentável das criaturas rebeldes e caprichosas.

Francamente, ouvindo-a, senti-me encorajado, bem disposto. Tive a idéia de que a “visitadora distante” irradiava eflúvios de paz que me reconfortavam profundamente o coração, multiplicando-me as esperanças no futuro sublime.

Naqueles reduzidos minutos, senti que a minha fé cresceu muito, intensificando, dentro de mim mesmo, o otimismo e a confiança.

Quando se apagou a luz dourada no espelho cristalino, tia Eunice informou-me de que, duas vezes por semana, os lares da vila entravem em contato com elevados instrutores e governantes do nosso novo plano de trabalho, por intermédio dos aparelhos de televisão e radiofonia.

Não cabia a mim de alegria confiante.

Voltando ao repouso, vovó Adélia notificou-me de que, no dia imediato, seria eu recolhido ao Parque dos Meninos, de onde escrevo exata carta para você.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

NOTÍCIAS

Passando ao compartimento próximo, uma bonita sala-de-estar, reparei, surpreendido, num retrato de mamãe, de grandes proporções, que, a notar pelas aparências, era guardado ali com imenso carinho.

Comoveu-me muitíssimo aquela valiosa lembrança, colocada num dos ângulos da sala.

Que saudades enormes transbordaram de meu coração!...

Abracei-me ao retrato, ansiosamente.

Vovó Adélia, contudo, embora tivesse os olhos rasos d’água, dirigiu-me a palavra, com energia adoçada de ternura:

- Carlos, não se emocione! Recorde sua necessidade de equilíbrio sentimental. Precisamos colaborar com o médico e, para isso, lembramo-nos de sua mãe com alegria!

Reprimi a inquietação que parecia invadir-me novamente, tranqüilizei a mim mesmo, recompus a fisionomia e procurei sorrir, satisfeito. Vovó e Tia Eunice sorriram também, apreciando-me a boa vontade em obedecer-lhes às recomendações.

Apesar de minha inexperiência, ensaiei a modificação do quadro emotivo, perguntando:

- Vovó, a senhora tem visitado mamãe?

- Sim, sempre posso – esclareceu ela, sorridente, por observar-me o propósito de renovação, e acrescentou: - lamento apenas que Arlinda não possa compreender, por enquanto, as verdades espirituais. Tem, por isso, perdido muito tempo, dando-se a muitas atividades inúteis.

Sim, vovó falava com indiscutível acerto.

Ah! Se todos soubéssemos, aí na Terra , como é grande e formosa a vida!

Esse pensamento encheu-se de esperança nova. Meus sentimentos ergueram-se mais alto e, abraçando nossa querida avozinha, indaguei:

- A senhora acredita, vovó, que eu ainda possa ser útil a mamãe?

Os olhos de nossa admirável velhinha encheram-se de alegria. Abraçou-me, por sua vez, e exclamou:

Como não, meu filho? Depende de sua boa vontade, de seu esforço nos serviços de preparação. Quando chegar ao Parque dos Meninos, não procure o descanso antes do trabalho e receberá, muito em breve, o júbilo de auxiliar, não apenas a mamãe, mas a muita gente.

Elevando com a resposta e interessado em saber mais de meu novo ambiente, fiz interrogações quanto ao paradeiro de vovô Antônio e de tio Álvaro, sobre os quais sempre se referia mamãe com grande estima. Faltava a presença deles naquela casinha cheia de amor.

Vovó Adélia, porém, escutou-me e ficou muito triste. Seus olhos estavam cheios de lágrimas que não chegavam a cair.

Esperava-lhe os informantes, quando tia Eunice se adiantou e disse:

- Carlinhos, por enquanto você não pode receber os esclarecimentos que deseja. Seu vovô e seu tio ainda não puderam chegar até aqui. Mais tarde, saberá tudo.

Ambas, todavia, mostraram-se tão acabrunhadas, que procurei mudar de assunto, recordando o ensino de mamãe de que nunca devemos prosseguir em conversações que sejam desagradáveis a outras pessoas. Creio, porém, que vovô Antônio e tio Álvaro não vão bem, onde se encontram.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

quarta-feira, 30 de julho de 2014

A VILA

Durante alguns dias permaneci no leito de convalescente, combatendo, sob o carinho dos familiares, as impressões nocivas que me dominavam o pensamento.

Antoninho, nosso primo, não se demorou mais que um dia ao meu lado. Estava em regime de internato, no Parque dos Meninos, e não devia adiar o regresso aos estudos. O médico, porém, visitou-me todos os dias, no espaço de duas semanas, até que me retirei do quarto, melhorado e bem disposto, apesar de enfraquecido.

Vovó Adélia e Tia Eunice, visivelmente satisfeitas, acompanharam-me ao exterior, amparando-me nos primeiros passos.

Oh! Que alegria!...

Só então percebi que ambas residem numa casa deliciosa e confortável.

Após atravessar pequeno corredor, cheguei a espaçosa sala, bem mobiliada, parando, admirado, na porta cheia de luz, que comunicava com o exterior.

Novo mundo descortinava-se à minha vista.

A paisagem ambiente era bela e prodigiosa. Bonitas casas, semelhantes de algum modo às nossas, apesar de serem muito mais lindas, alinhavam-se, de espaço a espaço, com graça e encanto. Todas elas cercavam-se de pequenos ou grandes jardins, ligados ao fundo por arvoredo agradável aos olhos.

Concluí que os vegetais frutíferos mereciam, em toda a parte, o mesmo carinho dispensado à flores.

Bandos de aves, de penugem brilhante, vagueavam alegremente nos ares.

Na atmosfera pairava uma tranquilidade que não tive ensejo de conhecer na Terra. Respirei, a longos sorvos, o ar puro e leve.

A residência de vovó Adélia está rodeada de flores diversas, predominando as de cor avermelhada, o que empresta ao jardim um aspecto de permanente alegria. Disse vovó que tia Eunice foi organizadora da plantação, fazendo a escolha das flores cultivadas.

Você, naturalmente, desejaria saber se são iguais às que possuímos na Terra. Sim. Muitas parecem com as rosas, cravos e miosótis que aí deixei, mas grande parte mostra diferenças, que não me será possível descrever. Entre o jardim e o pomar da casa da vovó, por exemplo, há dois caramanchões, cobertos com uma trepadeira cujas sementes eu gostaria de enviar a mamãe. Essa planta delicada projeta caprichos e compridos fios, cobertos de folhas verde-escuro, entre as quais desabrocham pequeninas e abundantes coroas de pétalas brancas, pintalgadas de rubro, as quais exalam delicioso aroma. Aliás, os fios de folhas e as flores são tão perfumados e belos que não encontro recursos para comparação.

Para se franco a você, nunca supus houvesse lugar de tamanha beleza, depois da morte. Ante as minhas demonstrações de assombro, esclareceu-me vovó que outras regiões existem, muito mais lindas onde apenas podem penetrar as almas santificadas que utilizaram toso o tempo da existência terrestre na prática do bem.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

O MÉDICO

Ainda não havíamos terminado as expansões de carinho e alegria, no reencontro, quando o médico esperado chegou.

Tia Eunice foi recebê-lo e trouxe-o á câmara.

Bem-humorado e bem disposto, ele distribuiu saudações com muita alegria.

Examinou-me atenciosamente, aplicou-me raios de luz, acionando pequenino aparelho que não sei descrever, e, em seguida, passou-me a mão direita, em silêncio, muitas vezes, sobre o peito e a cabeça, observando eu que seus dedos se desprendiam faíscas de luz azulada e brilhante.

Terminadas essas operações, levadas a efeito diante de todos os nossos, entrou a conversar, satisfeito e otimista, dando-me a impressão de que se achava muito mais preocupado em dar-me idéias novas que remédios.

Não me perguntou pelo clínico que me tratava em casa, não se interessou visivelmente por minha garganta dolorida, nem fez qualquer indagação que me pudesse transportar o pensamento para a situação passada.

Com habilidade, compeliu-me a esquecer a esquecer a dor e a aflição, distraiu-me com assuntos muito interessantes.

Perguntou-me que profissão teria escolhido na Terra, se continuasse entre os espíritos encarnados, e, quando lhe disse algo do meu pendor para a avaliação, começou a discorrer de modo tão fascinante sobre o progresso da ciência de voar, que me senti francamente outro, despreocupado das idéias de moléstia e apego inferior ao corpo físico que abandonara.

Falava ele como experimentado professor de navegação aérea.

Ouvia-o, por isso mesmo, com crescente assombro.

Depois de inteligente exposição sobre o tema que tanto me interessava, assegurou-me que conhece o nosso Santos Dumont, prometendo-me outras palestras sobre a aviação, na primeira oportunidade.

Percebendo que o bondoso médico ia colocar ponto final à conversação, arrisquei-me a perguntar, absolutamente esquecido de minha enfermidade:

- Doutor, o senhor acredita que poderei continuar estudando aqui?

- Como não? – respondeu, contente – ninguém precisa interromper o serviço de educação própria, por se haver privado do corpo de carne terrestre. Espero vê-lo animado e fortalecido, em breve tempo, para estudar e adquirir conhecimentos novos.

Essas palavras enchiam-me de estímulo e satisfação.

Ao despedir-se, recomendou que eu fosse matriculado no Parque dos Meninos, onde teria os benefícios que me eram indispensáveis, no que vovó Adélia e Tia Eunice aquiesceram, agradecidas.

Quando o médio se foi notei que deixara de escutar os gritos de mamãe e que as dores haviam desaparecido inexplicavelmente.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

segunda-feira, 28 de julho de 2014

FAMILIARES

Enquanto aguardava o médico, Tia Eunice, em determinado instante, avisou-me de que iria ao interior buscar os familiares, e saiu, deixando-me entregue aos pensamentos novos que me invadiam a cabeça.

Decorridos alguns minutos, abriu-se a porta e nossa tia chegou acompanhada por outras pessoas.

A princípio, julguei que fossem muitas, mas eram duas apenas – vovó Adélia e primo Antoninho.

Vovó prendeu-me atenção ,mais fortemente. Não estava trêmula, nem curvada. Pareceu-me muito mais moça, alegre e forte. Seus olhos, serenos e lúcidos, irradiavam aquela mesma bondade de outros tempos.

A surpresa de vê-la, junto de mim, enchia-me de encantamento e satisfação.

Que alívio!

Lembra-se de quando vovó se retirou da residência, muito mal, para casa de saúde?

Desde então, jamais a vimos.

Mamãe anunciou-nos então a morte da santa velhinha, sem permitir que a seguíssemos, na grande viagem que a levou a efeito para a derradeira visita.

Freqüentemente, ambos comentávamos as grandes saudades que nos deixara vovó. Ela sempre nos assistira com excessiva ternura. Dominava-nos com amor e bondade. Perdoava-nos todas as faltas. Poderá você aliviar a alegria que senti, vendo-a aproximar-se?

Ao lado dela, estava Antoninho, que reconheci, de pronto. Nosso primo havia igualmente “morrido”, em hospital distante de nós. Pousou os olhos afetuosos e doces em mim, tranqüilizando-me o coração...

Verdadeira torrente de perguntas atravesso-me o cérebro naqueles momentos rápidos.

Muitas vezes ouvira dizer, aí na Terra, que após a morte do corpo seríamos conduzidos ao Céu ou ao Inferno. O que eu via, porém, era a continuação da paisagem familiar, querida e confortadora. Vovó, Tia Eunice e Antoninho estavam ali, mais vivos que nunca, diante de mim, desfazendo nosso velho engano de que houvessem desaparecido para sempre na morte.

Nossa carinhosa velhinha e o primo abraçaram-me, sorridentes.

Vovó chorou de alegria ao beijar-me, aconchegando-me ao colo, como antigamente.

Perguntou-me por todos. Lamentou não ter podido acompanhar minha vinda, no que foi substituída por Tia Eunice, e declarou que visitaria mamãe na primeira oportunidade. Indagou, bondosa, se você e eu ainda éramos aqueles mesmos pequenos endiabrados que lhe escondiam os óculos para ganhar brinquedos e merendas.

Amparando-me nos braços de vovó, tão carinhosa e tão boa, senti muitas saudades de mamãe e chorei bastante.

Nossa querida velhinha, porém, consolou-me, explicando que, um dia, mamãe e vocês virão também para o nosso novo lar.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

quarta-feira, 23 de julho de 2014

CARINHO E CONFORTO

Que significava aquela afirmação?

Rente a mim, conservava-se tia Eunice, viva e bem disposta.

Não conseguiria manter qualquer dúvida. Não me encontrava mais envolvido na alucinação ou no sonho. Minha consciência estava lúcida.

Intrigava-me, contudo, variadas questões, atormentando-me o raciocínio. Sabia que tuia Eunice já havia morrido desde e muito. E eu? Não me encontrava ali, num quadro natural? Tocava meu próprio corpo, observava paredes e móveis. “Aquilo” seria morrer?

Bastou que eu formulasse tais pensamentos para que ela me sorrisse, bondosa, acrescentando:

- Sim Carlinhos, você permanece agora entre nós, os que já passamos pela sombra do túmulo.

Francamente, senti arrepios de medo, ,as Tia Eunice, longe de magoar-se, observou:

- Tolinho! Por que se acovardar? Não tema.

Tanta serenidade infundiu-me confiança. Contudo, os gritos que eu ouvia perturbavam-me o equilíbrio. Por que motivo escutava semelhantes vozes da mamãe, ali, onde não tinha razão de ser? Imenso mal-estar apoderou-se de mim. Todas as dores, que eu sentia, anteriormente, regressaram ao meu corpo.

Comecei a chorar, convulsivamente.

Tia Eunice, todavia, compreendeu tudo e, dando mostras de saber o que se passava em meu íntimo, acariciou-me, dizendo:

Não se assuste, meu filhinho. As vozes que ouve são realmente da mamãe, que ainda não pode compreender a vida. Você ainda se encontra ligado a ela por vigorosos laços de amor, cheio de apego desvairado e violento. Tenha calma e procure distrair-se.

Quis obedecer à ordem afetuosa, mas não pude. Aqueles apelos que me pareciam chegar de muito longe e minhas ânsia de rever a mamãe querida eram demasiado fortes para que me sentisse libertado num minuto.

Oh! Mas era horrível! Os gritos maternos faziam-se mais altos e mais fortes, dentro de mim, à medida que eu cedia ao desejo de tudo recordar. E, com isso, voltaram-se todos os sofrimentos, um a um: a falta de ar.

Tive a idéia de que recomeçava também minha longa e dolorosa agonia.

Tia Eunice exortou-me a ser forte e pensar na Bondade Divina, de modo a vencer as pesadas impressões do momento, mas debalde.

Após banhar-me a fronte em água fresca, apanhada em vaso próximo, acentuou, carinhosamente:

- Não tenha receio. Temos igualmente devorados médicos por aqui e já mandamos buscar um facultativo para atender-nos.

Aflito e desalentado, comecei a esperar.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio )

segunda-feira, 21 de julho de 2014

DESPERTANDO

Cansado, porém, de interrogações interiores a se repetirem sem resposta, rendi-me aos carinhos de nossa tia e passei à inconsciência completa.

Quanto tempo gastei, nesse sono pesado, sem lembranças?

Não conseguiria responder. Sei somente que despertei, assustado, sem atinar com a situação.

Encontrava-me sozinho, encerrado numa câmara muito limpa e inundada de luz. A solidão infundia-me repentina tristeza; entretanto, semelhante impressão era atenuada pela janela aberta, dando passagem a jorros de intensa luz.

As paredes mostravam pinturas alegres; eu porém, perguntava a mim mesmo se não fora transportado para algum hospital.

Ao longe, através da janela de vastas proporções, via a paisagem desdobrar-se...

O céu azul-radioso parecia mandar-me brisa suave e refrigerante.

Examinei, atenciosamente, em torno. O mobiliário era muito diverso.

Pelas poltronas acolhedoras e divãs convidativos, concluí que a sala era exclusivamente consagrada ao repouso.

Reparei em mim próprio, surpreendido. Teria passado a difteria? O Doutor Martinho conseguira finalmente curar-me? Minha garganta não doía mais. Não fosse a franqueza em que me achava, quase poderia levantar-me e ensaiar alguns passos. Toquei meus cabelos e meus pés.

Que ocorrência me levara a semelhante modificação? Estaria, porventura em casa? Aquele compartimento, porém, me era totalmente desconhecido.

Recordava os últimos quadros que haviam precedido meu grande sono.

Fortemente admirado, recordava-me de suas mínimas particularidades.

E mamãe? Por que não aparecia? onde estava, sem trazer-me o abraço carinhoso de felicitações pela convalescença? Relembrando-lhe a ternura das últimas horas de meu corpo terrestre, experimentei funda saudade, com infinito desejo de chorar. Somente então observei que passara longas horas sem dizer coisa alguma. Minha garganta estaria em condições de auxiliar-me? Tentei a prova e gritei:

- Mamãe! Mamãe!

Logo após uma voz lamentosa ressoou dentro de mim. Bem notei que não registrava com os ouvidos. Parecia nascer de meu próprio coração, dilacerando-o. Era bem a voz de nossa mãezinha, acenando com acento angustioso:

- Carlos! Carlos!... meu filho, volta, volta!...não me abandones!...

Antes que se pudesse refletir sobre a nova situação, abriu-se uma porta próxima, dando passagem à tia Eunice, que aproximou-se de mim, sorridente, e, sentando-se ao meu lado, disse-me, na perfeita compreensão do que me ocorria:

- Não se assuste, Carlinhos! Você está presentemente entre nós.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

quarta-feira, 16 de julho de 2014

A Força Animal: A energia de cães e gatos na visão radiestésica

       Embora sejam nossos animais domésticos de estimação, existem pontos divergentes em termos energéticos. Os gatos, felinos apegadíssimos às coisas boas da vida como ambientes confortáveis com muitos tapetes, almofadas e boas camas para o seu aconchego. São limpos, embora necessitem de ambientes higienizados. Gostam de carinho, mas são independentes na maioria das vezes. São ótimos hipinotizadores; isto é, conseguem fixar por muito tempo os olhos naquilo de seu interesse. Transmutam energias com muita facilidade. Como exemplo vou citar um fato acontecido na residência de uma pessoa doente que possui um gato. Este estava sempre ao seu redor, inclusive na cama. Certo dia fiz-lhe uma visita e observei que seu gato roçava-lhe pelo corpo e corria em minha direção, para roçar-me nas pernas e imediatamente voltava para a cama, continuando com aquela esfregação no doente. O que o gato estava fazendo realmente naquele momento, era uma transferência energética de uma pessoa sã para uma doente.
      Outro fato marcante nas casas que possuem gato, é que se alguém chegar com alguma energia ou sentimento ruim, ele sinalizará de alguma forma e poderá até transmutá-la.
      Na Radiestesia, ciência muito utilizada na prospecção d`água no subsolo, na descoberta do sexo de bebês e animais antes do nascimento, na descoberta de animais, objetos e pessoas desaparecidas, e na deteção do tipo de energia ambiental oriunda do subsolo ou de outra fonte telúrica, cósmica ou eletromagnética, classificamos como os animais mais radiestésicos, o jumento e o gato. Você pode observar numa praia nordestina que às vezes, um jumento empaca num ponto permanecendo alguns dias, isto é devido ao local altamente radiestésico que lhe convém. Há casos que o gato prefere dormir  em determinados pontos da casa sem lógica; daí, devemos dar atenção ao fato porque como o jumento, ele prefere os locais com maior incidência de ondas radiestésicas; isto é, boas para ele e ruim para os nós.
      Os gatos são místicos pois no passado, quando as ciências holísticas eram repudiadas, as “bruxas e os magos” (pessoas que detinham o conhecimento da acupuntura, fitoterapia, cromoterapia e outras) muito criticadas pela sociedade da época, tinham sempre o gato preto que por coincidência, estavam juntos com estes profissionais também chamados “rabdomantes” durante os trabalhos. Mais tarde os rabdomantes tiveram sua alforria com a chegada da palavra Radiestesia criada por padres franceses, fazendo com que as técnicas rabdomantes virassem ciência.  Mas o gato continuou sendo classificado por muito tempo como antena energética.
     Em um de meus trabalhos domiciliares, fui surpreendido com um gato que dormia dentro de um guarda-roupas de uma suíte. A princípio achei bizarro porque a família já havia tentado instalar a cama daquele gato em vários pontos da casa, mas seu lugar preferido era dentro daquele armário. Com a ajuda de instrumentos radiestésicos, descobri que sob aquele armário passava uma rede de esgoto abandonada antes da construção e que fora mantida. Esta situação é tão ruim que às vezes, pessoas por se manterem sobre estas áreas por muito tempo, adquirem artroses e até câncer devido às flechas de forma emitidas por um ponto nevráugico como este no subsolo.
     Os cães de pequeno ou grande porte têm a facilidade de serem adestrados com sucesso. Além disso, são muito amigos dos adultos e de crianças. São mais dependentes dos homens que os gatos. São afetivos e protetores de seus donos. Às vezes observamos pessoas mal tratando seus cães, mas mesmo assim eles continuam amigos fiéis.
     Os cães não gostam de locais radiestésicos; isto é, que possuam energias incompatíveis ao ser humano. Daí dizemos que onde o cão escolhe para dormir podemos também dormir com tranquilidade; enquanto os escolhidos pela gato podemos ou não.
    O cão é indiferente se o poder aquisitivo do seu dono é alto ou baixo. O amor e a dedicação da família com ele é o que conta, chegando até a trabalhar como guia para os deficientes visuais.
      Os cães também como os gatos, são suscetíveis às emanações energéticas. Como exemplo, há alguns anos atrás, quando eu fazia atendimentos radiestésicos dentro de minha residência, nosso cão “Kiko” captava de vez em quando a carga energética de alguns consulentes, que o deixava combalido, precisando ser desimpregnado energeticamente  com urgência.
     Em meus trabalhos domiciliares, fico muito feliz quando sou recebido “com festa” pelo cãozinho da casa do cliente. Para mim este fato é importantíssimo, pois sei que estou com boa energia para a realização do trabalho que vou desenvolver.
     Moro recentemente em Itaúna cidade de Saquarema na região dos lagos do Rio de Janeiro e observo em minhas caminhadas pelo bairro, que muitos veranistas abandonam seus cães nas casas que passam semanas e até meses fechadas, muitos sem alimentação e água, além da falta de carinho que o animal precisa. Alguns conseguem o acesso à rua buscando quem os alimente; outros morrem nos cativeiros.
     Que tal repensarmos no assunto, e ajudar estes grandes amigos em qualquer área de veraneio do país?

Dirceu Galhardi Consultoria em Feng Shui, Radiestesia e Cromoterapia

A GRANDE VIAGEM

Ah! Dirceu, não poderia contar-lhe o que então se passou.

O sono sem sonhos durou por apenas algumas poucas horas, porque estranho pesadelo passou a dominar-me inteiramente.

Parecia-me vaguear numa atmosfera obscura e indefinível.

Sentia que mamãe se debruçava sobre mim, pronunciando meu nome, angustiadamente. Observava-lhe as mãos ansiosas, tateando-me o rosto e os cabelos. Ouvia-lhe os gritos de dor, mas debalde procurava acordar e tomar conta de mim próprio.

Sofri muito em semelhantes momentos de incerteza e aflição.

Valeu-me tia Eunice, que me amparava cuidadosamente.

Pouco a pouco, ao mesmo tempo em que me sentia enlaçado nos chamamentos de mamãe, tive a idéia de que uma força superior me arrastava da cama, devagarinho.

Compreendi que me encontrava agarrado a substâncias pegajosas, como o passarinho preso ao visgo. Notei, todavia, que alguém me libertava, despojando-me de um fardo, como acontece ao desfazer-nos da roupa comum...

Desde então... apesar de prosseguir na mesma atmosfera de sonho, não mais senti as mãos de mamãe, mas somente as de tia Eunice, que me aconchegou ao coração.

- “Vamos, Carlinhos!” – ouvi-a, distintamente.

Retiramo-nos para a porta de saída. Nossa tia pareceu-me bastante interessada em afastar-se comigo, apressadamente.

Lá fora, o luar deslumbrava. Respirei o ar perfumado e fresco da noite, como quem recebia verdadeira benção celestial.

Haviam decorrido tantos dias que me esforçava sem melhoras!

Tia Eunice carregava-me nos braços, carinhosamente, como se eu fora pequenina criança. Contudo, embora não conseguisse coordenar meus pensamentos com exatidão, espantei-me ao reconhecer que nos afastávamos do solo.

Embalado pela caricia do vento brando, não sabia que mais admirar – se a melhora que sobreviera, de súbito, se a beleza da noite, embalsamada de aroma e maravilhosa de luz.

Meu contentamento não tinha limites. Estava fraco, vencido, incapaz de falar alguma coisa, mas sentia-me transportado da Terra para uma desta nas estrelas.

De quando em quando, Tia Eunice pousava em mim os olhos doces e amigos e eu sorria em resposta, contente e agradecido pela benção de respirar sem cansaço e sem dor.

Os caminhos aéreos, repletos de luar, surpreendiam-me os olhos espantados.

Então, as impressões de sonho foram mais nítidas em mim.

Estava certo de que tudo não passava de fantasia e de que tornaria a casa, despertando, novamente, no leito habitual.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O SONO BOM

Surpreendido, notava que nenhum de vocês fazia caso da presença de tia Eunice, dando-me a impressão de que não na viam; e até o doutor Martinho, que lhe ficava defronte, mostrava absoluta indiferença;

Ela, contudo, não estava menos satisfeita por isso.

Após acomodar-se à cabeceira, nossa tia posou a mão macia sobre a minha cabeça e grande alívio me banhou o coração.

Tive a idéia de que raios de sol me penetravam o corpo em desalento.

Não pude conversar como desejava, mas não consegui pensar mais claramente. Desviei a atenção que concentrava na garganta dorida e raciocinei sem maior aflição.

Estaria menos mal? A morte permaneceria rondando-me o leito? Que aconteceria nos próximos minutos?

Quis endereçar algumas perguntas à Tia Eunice, explicando-lhe, ao mesmo tempo, que sentia imenso receio de morrer; todavia, meus lábios estavam quase imóveis.

Ela, porém, segundo minha observação, percebeu, de pronto, o que me passava pelo cérebro.

Sorriu-me, bondosamente, e disse:

- Você, na verdade, acredita que alguém possa desaparecer para sempre? Não creia em semelhante ilusão... É preciso tranquilizar-se. Afinal de contas, os dias de dor e as noites de insônia têm sido numerosos.

- Sorriu, com ternura mais acentuada, inspirando-me profunda confiança, e tornou a dizer:

- É necessário que você durma sossegado, sem qualquer inquietação.

E como eu lhe ouvisse os conselhos, acrescentou:

- Descanse, Carlinhos! Ceda, sem temor, à influência do sono. Velarei por você...

Em seguida, passou a mão direita, de leve e repetidamente, sobre a minha cheia de feridas. A transformação que experimentei foi completa. Acreditei que me estivesse aplicando deliciosa compressa de alívio. As dores que me atormentavam, havia tanto tempo, cederam, pouco a pouco.

Indizível tranquilidade dominou-me, por fim. Entreguei-me, confiante, aos carinhos de Tia Eunice, como me abandonava, comumente, à ternura de mamãe.

Logo após, a mão dela, carinhosa e boa, afagou-me o roto banhado de suor, detendo-se docemente sobre minhas pálpebras...

Tentei, ainda, olhar para você; todavia, não pude.

A visitante inesperada cerrou-se os olhos, com brandura, e acentuou:

- Durma, Carlinhos! Você está cansado...

Nada respondi com a boca; entretanto, concordei mentalmente, agradecido e reconfortado.

Tia Eunice observou-me a silenciosa de satisfação, porque, nesse instante, curvou-se e beijou-me.

Recordei-me, então, do beijo de mamãe, cada noite, e, em vista do alívio que eu sentia, entreguei-me finalmente ao sono bom.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

quarta-feira, 9 de julho de 2014

TIA EUNICE

Em vão procurava no rosto de vocês uma expressão de tranqüilidade e bom ânimo.

Daria tudo para que sorrissem, desfazendo-me o pavor. Entretanto, estavam todos consternados, chorosos...

Esperei que o Doutor Martinho me encorajasse, assegurando que tudo se resumia numa crise passageira, mas nosso, bondoso médico examinava-me o pulso, sem disfarçar a tristeza que lhe dominava a alma.

Em razão disso, o medo de morrer cresceu muito mais fortemente em meu espírito.

Quando tudo me parecia irremediável, eis que alguma coisa sucedeu, chamando-me a atenção. Leve ruído despertara-me a curiosidade.

Desviei meu olhar para a parta de entrada e reparei que aí surgiam, de maneira inexplicável, delicados flocos de substância fosforescente.

Esses pontos de luz como que formava fino manto de gaze tenuíssima, sob o qual tive a impressão de que alguém se movimentava...

Seguia a novidade, com enorme espanto, quando apareceu, rasgando a leve cortina, uma jovem de belo porte que não tive dificuldade em reconhecer.

Era a mesma do grande retrato que mamãe conservava em casa. Era a tia Eunice, a irmãzinha dela, que morreu quando nós dois éramos pequeninos.

Trajava um vestido de cor verde-claro, enfeitado de rendas luminosas. Cercava-se, principalmente ao longo do tórax e da cabeça, de lindos clarões de luz azulada, como se trouxesse uma lâmpada oculta. Seus olhos escuros irradiavam simpatia e bondade sem limites.

Tia Eunice entrou pelo quarto a dentro com grande surpresa para mim, abraçou mamãe, sem que mamãe a visse, e, depois, sentou-se ao meu lado, dizendo:

- Então, Carlinhos, você é tão valente, está medroso agora?

Se fosse noutra ocasião, penso que não me comportaria bem, porque sempre ouvira dizer que os mortos são fantasmas e nossa tia já era morta. Achava-me, porém, tão aflito que experimentei grande consolação com as palavras encorajadoras que me dirigia. Necessitava de alguém que me reanimasse.

Reparava o nervosismo do papai, as lágrimas da mamãe, a tristeza e o abatimento doutor Martinho, ao meu lado, e concluí que as boas disposições dela eram providenciais para mim.

Em verdade, nos bons tempos de saúde, ouvira estranhas histórias de “assombrações do outro mundo”, que me deixavam impressionado, sem sono, mas tia Eunice não podia inspirar medo a ninguém. Estava linda e risonha, enchendo-me de confiança e otimismo.

Senti-me, pois, reanimado, embora reconhecendo a desagradável rigidez de meu corpo, que não conseguia mover, nem de leve.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

segunda-feira, 7 de julho de 2014

IMPRESSÕES DO ULTIMO DIA TERRESTRE

Meu caro Dirceu:

Escrevo-lhe esta carta para dizer que não morri. Jamais supus me fosse possível endereçar notícias a você, depois de afastar-me do corpo terrestre. Algumas vezes, vira o enterro de crianças e pessoas grandes, da janela grande de nosso quarto, quando observávamos, em silêncio, o carro triste, enfeitado de flora, conduzindo alguém que nunca voltava...

Recorda-se da morte de Osório, o nosso colega do grupo escolar? Nunca me esqueci do quadro enternecedor. Dona Margarida, a mãezinha em lágrimas, conduziu-nos a vê-lo. Osório, brincalhão e bondoso, estava mudo e gelado. Parecia dormir, imóvel sob um montão de rosas e saudades.

Quando ouvi dizer que ele jamais voltaria, meu coração bateu forte e empalideci.

Nosso velho Tomás, o porteiro da escola que assistia à cena, percebeu o que se passava e afastou-me depressa.

Nesse dia, não comi e passei a noite assustado. Atormentei o papai com toda a espécie de perguntas sobre a morte e arrepiava-me todo, recebendo-lhe as respostas. Por fim, ele reconheceu a minha inquietação e aconselhou-me a evitar o assunto.

Muito tempo passou, mas a experiência ficou guardada no meu coração.

Foi por isso, talvez, que fiquei, durante o período de minha enfermidade, impaciente e aflito.

E, para falar francamente a você, tive medo, muito medo, ao perceber que tudo ia acabar-se, pois sempre ouviria dizer que a morte do corpo é o fim de todas as coisas.

Agora, porém, posso afirmar que isso não é verdade.

Lembra-se do último dia que passei em casa?

Mamãe chorava tanto!...

Papai, muito sério, ia de um lado para outro, na sala contígua ao nosso quarto.

O Doutor Martinho, nosso bom amigo, segurava-me as mãos, e você, Dirceu, sentado na poltrona de vovó, olhava-me ansioso e entristecido.

Quis falar, mas não pude. Estava cansado sem saber o motivo. Faltava-me o ar, como se eu fosse um peixe fora d’água. Esforçava-me para dizer alguma coisa, pelo menos para tranqüilizar a mamãe; entretanto, havia um peso enorme, oprimindo-me a garganta e a boca.

Foi então que parei meu olhar em seus olhos e chorei muito, com receio de ficar mudo e gelado como o Osório, e partir para nunca mais regressar.

Não consegui mover os lábios, mas, em pensamento, rezei as orações que mamãe me ensinara. Lembrei-me de Deus e esperei o sono com indizível angústia...

Queria dormir, dormir muito, no entanto, era tão grande o meu temor de dormir sem acordar, que, se eu pudesse, teria gritado intensamente, com toda a força de meus pulmões, pedindo ao Doutor Martinho que não me deixasse morrer.

(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)

sexta-feira, 4 de julho de 2014

MENSAGEM

Carlos é um rapazinho de seus catorze anos, que a morte arrebatou muito cedo à esfera física.

Recentemente internado em nossos cursos de reajustamento psíquico e preparação espiritual, revelou, desde há primeira hora, notável aplicação ao estudo e ao esforço renovador.

Dentre as preocupações mais fortes que lhe caracterizam o espírito, destaca-se o propósito de algo enviar ao irmão de nome Dirceu, inesquecido e afetuoso companheiro do teto familiar. Para isso, escreveu a mensagem que oferecemos ao jovem leitor, através da qual nosso dedicado amiguinho buscou descrever as paisagens e as emoções novas que experimentou logo após a morte do corpo físico.

È um trabalho simples, em que o coração juvenil fala mais alto que o raciocínio propriamente humano e que, por isso mesmo, não deveria circunscrever-se ao campo exclusivo do destinatário.

Por semelhante motivo, dedicamos estas páginas singelas aos nossos irmãos mais jovens. Que eles possam colher nesta mensagem carinhosa e fraterna os conhecimentos valiosos do presente, para as construções do futuro, são os nossos votos.

(Pedro Leopoldo, 27 de julho de 1946. Livro: Mensagens do Pequeno Morto, Neio Lúcio, Psicografia de Francisco C. Xavier.)

terça-feira, 8 de abril de 2014

Visitando a vovó

Glorinha gostava muito de animais, especialmente de cachorros. Vivia sempre pedindo aos pais que lhe dessem um cãozinho.

Certo dia, ela pediu tanto, que seu pai disse:

— Tem certeza de que deseja um cachorrinho, filha?

De olhos brilhantes e mãos postas, a menina respondeu:

— Sim, sim, Papai! Meu aniversário está se aproximando. Posso pedir um cãozinho de presente?

Os pais trocaram um olhar, depois a mãe concordou:

— Está bem, Glorinha. Desde que você prometa que vai cuidar bem dele. Você sabe, os animais dão trabalho: não pode faltar água, ração na hora certa, e o banho semanal; se ficar doente tem que dar remédio. Ah! E não pode deixar o portão aberto, senão ele foge.    

A menina vibrava de alegria, concordando com tudo.

— Sim, mamãe. Farei tudo direitinho, prometo!

Então, certo dia, quando Glorinha acordou, ouviu um barulho diferente embaixo de sua cama. Virou de cabeça para baixo e viu o cãozinho mais lindo que se poderia imaginar!

Cheia de alegria, pegou-o no colo e correu para a cozinha onde a mãe preparava o café da manhã. Os pais, que já a esperavam, sorriram.

— Ele é lindo! Obrigada, papai! Obrigada, mamãe! Ele é muito fofo! Pois vou chamá-lo de Fofo!

Daquele dia em diante, a vida de Glorinha mudou. Ela estava sempre cuidando de Fofo. Logo cedo lhe dava a ração e enchia a vasilha de água. Nos finais de semana, não se esquecia do banho, que ele adorava.

Assim, cresciam o cãozinho e sua dona.

Certo dia, dois anos depois, Fofo amanheceu quieto, sem vontade de comer e de brincar. A menina, preocupada, falou com seus pais, que disseram:

— Não deve ser nada. Logo passa. 

Mas, no dia seguinte, Fofo continuou quieto, não comia, não queria brincar. Foi levado ao veterinário, que passou a medicação que deveria ser dada ao cãozinho.

No entanto, ele só piorava. Até que, um dia, Fofo não acordou mais. Glorinha chorou muito, agarrada ao seu amiguinho de brincadeiras.

Como o terreno da casa fosse grande, enterraram Fofo no fundo do quintal, onde Glorinha colocou os brinquedos de que ele mais gostava, justificando:

— É para o Fofo brincar, se tiver vontade.

Triste e desconsolada, Glorinha nem brincava mais. Só ia para a escola e, na volta, ficava em seu quarto, deitada.

Preocupados, os pais pediam a Jesus que amparasse a filha, ainda tão pequena, para que ela superasse a dor da perda do seu amiguinho cão.

Até que, um dia, Glorinha sonhou que foi visitar sua avó, já no mundo espiritual.

Recebida com muita alegria pela vovó Ana, que a abraçou satisfeita, Glorinha disse:

— Que bom, vovó! Não sabia que você estava num lugar tão lindo! Quantas árvores, quantas flores! Onde vai dar este caminho?

— Na minha casa. Venha! Tenho uma surpresa para você, Glorinha.

Chegando perto da casa, a menina viu um cãozinho que corria ao seu encontro. Sem poder acreditar, ela arregalou os olhos:

— Mas é o meu Fofo!...

O cachorrinho latia feliz vendo sua dona, que o pegou no colo, radiante de felicidade, enquanto ele lambia seu rosto. Depois, chorando de alegria, Glorinha olhou para a avó:

— Vovó Ana, como Fofo veio parar aqui?...

Sentaram-se num banco, à sombra de uma árvore, e a vovó explicou:

— Você sabe que não existe a morte, não é? Todos continuam vivendo! Então, como você estava muito triste, querida, pedi a Jesus para que eu pudesse cuidar do seu cãozinho para você. Assim, ele está comigo desde que veio para cá.

Glorinha abraçou a avó, agradecendo-lhe por estar cuidando do seu cãozinho. De repente, Glorinha escutou:

— Acorde, minha filha! Está na hora de ir para a escola!

Abrindo os olhos, Glorinha espreguiçou-se, e lembrou:

— Mamãe! Esta noite eu fui visitar a vovó Ana. Sabe quem estava lá? O meu Fofo! Brincamos, corremos pelo gramado. Ele está curado, mamãe! Ele está bem!

Com os olhos úmidos, a mãe abraçou a filha com amor, agradecendo a Jesus por ter dado o consolo de que Glorinha tanto precisava.

Depois, a mãe perguntou como estava a avó, sua mãe, ao que a menina respondeu:

— Vovó Ana está ótima! Bonita, bem arrumada, e usa sempre o colar que você lhe deu!

Ao ouvir essas palavras, a mãe começou a chorar, emocionada. Glorinha era muito pequena quando a avó voltou para o mundo espiritual, e nunca foi comentado que, como a avó gostasse de um colar que a filha lhe dera, e não se separava dele, resolveram deixá-la com ele.

Essa era a maior prova de que Glorinha realmente se encontrara com a avó Ana e com seu cãozinho — pensou a mãe, elevando o pensamento em gratidão a Jesus por ter atendido seu pedido.

       MEIMEI

(Recebida por Célia X. de Camargo, em 17/02/2014.)

quinta-feira, 20 de março de 2014

USUFRUTO E PACIÊNCIA

Ante as leis da Terra, a propriedade, pertença ao grupo social ou ao indivíduo, é sempre credora de respeito; entretanto, perante a Criação Divina, a idéia do usufruto é grande fator de paciência ao coração.

Se raciocinas em termos de vida eterna, lembrar-te-ás, decerto, que os teus mais valorosos ascendentes vieram à Terra, desfrutaram-lhe os bens e voltaram à Espiritualidade que se nos faz o campo de origem.

Reflete nisso par que os abalos da desvinculação no mundo não te comprometam equilíbrio e saúde.

Os entes mais queridos buscaram-te a companhia ou buscaste a companhia deles, no entanto, surgirá o momento em que se despedirão de ti ou no qual te despedirás deles, sob os imperativos das leis de mudança construtiva, conquanto o amor permanece intacto, prenunciando as alegrias do reencontro.

Os bens que, porventura, reuniste se transferirão de teu nome para outros, sejam esses familiares que se te ligam na consangüinidade ou companheiros diferentes que te conferirão continuidade ao trabalho.

Poder que detenhas, por muito se te demore nas mãos, passará para mãos alheias, considerando-se as transformações inevitáveis.

Influência que possuas cederá com o tempo.

Determinadas faculdades da inteligência, tê-las-ás no Plano Físico, enquanto puderes sustentar-te em corpo relativamente robusto, à maneira do violinista que apenas se manterá em alta forma, enquanto conseguir dispor da integridade do instrumento.

Atentos à realidade de que todos usufruímos recursos que, na essência, não nos pertencem, estejamos alertas, amando sem possessão e servindo sem apego.

Considera a posição de usufrutuário em que te encontras na experiência terrestre e sejam quais forem as circunstâncias adversas em que te vejas no mundo, a paciência não te faltará.

Livro: CALMA -  FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER  (EMMANUEL)

quarta-feira, 19 de março de 2014

TÓPICOS DA IRRITAÇÃO

Se a irritação já se te fez um hábito, pensa nas desvantagens dela para que te livres de semelhante desajuste espiritual.

Ora, pedindo à Divina Providência a força precisa a fim de que te resguardes na tolerância.

Imagina o azedume como sendo um espinheiro magnético, arremessando raios de energia destruidora em todas as direções.

A intemperança mental nunca auxilia a ninguém.

Uma frase carregada de aspereza, na maioria dos casos, pode ser figurada como sendo murro no rosto das melhores oportunidades que te procuram.

Ânimo violento apenas agrava situações e complica problemas.

O costume de enraivecer-se é um predisponente a moléstias de trato difícil.

Condenação não edifica.

Ainda que o coração se te mostre ferido, conversa com serenidade e esclarece com paciência.

Um gesto de gentileza opera prodígios.

Livro: CALMA -  FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER  (EMMANUEL)

SOFRENDO REPROVAÇÕES

Estarás, possivelmente, sofrendo reprovações que te pareceram injusto espancamento espiritual.

Inicialmente adota o silêncio sem fazer comentários.

Ora, pedindo inspiração à Divina Providência.

Se não tens culpa alguma em relação aos erros que te foram atribuídos,não dês resposta alguma e continua nas tarefas que a vida te confiou, desculpando quaisquer ofensas.

Se as críticas sofridas guardam algum fundamento, procura analisar o próprio comportamento em referência ao assunto.

Agradece em pensamento aos teus censores, procurando retificar os pontos nos quais te observes em desacerto.

Nada reclames contra quem te aponte a verdade, porquanto se agem com exagero contra os enganos de que, porventura, te inculpes, a vida se incumbirá de esclarecê-los em momento oportuno.

Não te defendas nem acuses a ninguém perante censuras recebidas.

Continua trabalhando com sinceridade, cortando as atitudes que desaproves em ti mesmo.

Se te notares no centro de culpas, pelas quais te sintas inegavelmente responsável, prossegue agindo e servindo, quanto possível, mesmo assim, na certeza de que todos somos filhos de Deus e que Deus te concederá recursos e abrirá caminhos novos pra que a paz de consciência te retome a vida e ilumine o coração.

Livro: CALMA -  FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER  (EMMANUEL)

terça-feira, 18 de março de 2014

SILENCIA E ESPERA

No tumulto das inquietações da Terra, é provável encontres igualmente os desafios que se erigem por testes de compreensão e serenidade, no caminho de tantos companheiros de experiência.

Quanto possível, habitua-te a entesourar paciência, com a qual disporás de suficientes recursos para adquirir as forças espirituais de que necessitarás, talvez, para a travessia de grandes provas, sem risco de soçobro nas correntes do desespero.

Provavelmente ainda agora estarás suportando a incompreensão de pessoas queridas, em forma de prevenções e censuras indébitas; entretanto, se o assunto diz respeito unicamente ao teu brio pessoal, cala-te e espera.

Se amigos de ontem transformara-se em adversários de tuas melhores intenções, tolera as zombarias e remoques de que te vês objeto e de nada te queixes.

Diante de criaturas que te golpeiem conscientemente a vida, impondo-te embaraços e desilusões, desculpa e esquece, renovando os próprios pensamentos na direção dos objetivos superiores que pretendas alcançar.

E ainda mesmo que agressões e ofensas te firam nos recessos da alma, sugerindo-te duros acertos de conta, à face da manifesta injustiça com que te tratem, não passes recibo nas afrontas que te sejam endereçadas e nada reclames em teu favor.

Não piores situações em que alguém te coloque, não te revoltes, nem te lastimes.

Silencia e espera, porque Deus e o Tempo tudo esclarecem, restabelecendo a verdade, e, para que os irmãos enganados ou enrijecidos na ignorância se curem das ilusões e das crueldades a que se entregam, bastar-lhes-á simplesmente viver.

Livro: CALMA -  FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER  (EMMANUEL)

segunda-feira, 17 de março de 2014

SERENIDADE E PACIÊNCIA

No sentido de preservar a própria paz, é indispensável nos disponhamos a manter criteriosa atenção sobre nós mesmos.

O conflito de resultados inavaliáveis pode surgir da explosão de sentimentos descontrolados; entretanto, não se obtém a paz sem esforço.

Quem acredite no imaginário valor da  desinibição despropositada, no intuito de garantir o equilíbrio próprio, observe a força elétrica desorientada ou o trânsito sem disciplina.

Ninguém possui uma serenidade que não construiu. Daí, o impositivo da vigilância em nós próprios.

Não se trata de prevenção contra ninguém e sim de auto-governo.

Para semelhante realização, ser-nos-á justo enfileirar certas obrigações primordiais que se nos mostram por alicerces da consciência tranqüila.

Compreendamos que somos colocados, uns à frente dos outros, a fim de aperfeiçoar-nos.

Abracemos as iniciativas de concórdia sem esperar que determinadas pessoas venham a promovê-las.

Pelos erros alheios que claramente nos  preocupem, examinemos os nossos com a sincera resolução de corrigi-los.

Não nos aborreçamos com o trabalho que a vida nos confia, de vez que, através dele, é que atingiremos a promoção justa na escala de valores da vida.

Nunca nos esqueçamos de que a eficiência não se harmoniza com a pressa, mas não se fará vista sem apoio da diligência.

Convém lembrar que os nossos ouvidos podem ser transformados em extintores do mal, todas  as vezes em que o mal nos procure.

Aceitemos a realidade de que o próximo não tem a nossa formação e saibamos respeitar cada  criatura na posição em que se encontre.

Em suma, a serenidade não é uma aquisição espiritual que se faça em toque de mágica e sim, através do trabalho, muitas vezes, duro e áspero da paciência em ação.

Livro: CALMA -  FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER  (EMMANUEL)

sexta-feira, 14 de março de 2014

SEGURANÇA ÍNTIMA

Ante os impactos emocionais do cotidiano, estimarias construir a segurança íntima, a fim de que a serenidade se te faça constante cidadela defensiva e podes, indiscutivelmente, construir semelhante refúgio.

Inicia a edificação da própria paz, observando que todos necessitamos pensar por nós mesmos, embora sabendo que somos influenciáveis pelas idéias alheias.

Aceitando-nos na condição de parcelas da imensa família humana, verificaremos que as nossas dificuldades não são maiores que as dos outros.

Integrando a comunidade terrestre, suscetível de adotar numerosos enganos em razão do aprendizado em que nos encontramos, somos impelidos a entender que não estamos isentos de cometer determinados erros e que isso é compreensível, à maneira do sinal vermelho, no trânsito comum, convidando-nos a parar, de modo a seguirmos adiante, em espaço imune de riscos.

Alertados pelo impositivo de atender ao caminho que nos seja próprio, aprenderemos que a estrada dos entes mais queridos pode ser muito  diferente da nossa.

Admitindo cada criatura por transeunte ou viajor no carro da própria existência, saberemos zelar por nossas diretrizes, sem interferir na condução do próximo.

Partilhando a realidade de todos, ser-nos-á fácil reconhecer que, os contratempos que nos ocorram, talvez igualmente aconteçam na marcha dos seres que amamos, competindo-nos auxilia-los, tanto quanto desejamos ser auxiliados na solução de nossos problemas.

A convicção de que todos nos achamos em caminho, buscando realizações mais ou menos idênticas entre si, sob riscos análogos, nos podará qualquer impressão de privilégio, à frente dos companheiros da Humanidade, com os quais precisamos estar em paz, na garantia da própria segurança.

Reflete nisso e concluirás que esse ou aquele viajor no mundo tem necessidade de proteger a viatura que lhe diga respeito, de maneira a não suscitar desastres  que ameacem aos outros e a si mesmo.

A serenidade habitará conosco, na Terra, quando aí compreenderemos que toda criatura irmã tem o seu próprio corpo, com os sonhos, compromissos, realizações e iniciativas a que se associe, o que nos afastará dos julgamentos precipitados e das condenações indébitas, para que estejamos em plena vivência da regra áurea, cuja prática é o coração da felicidade a fim de que estejamos na felicidade do coração.

Livro: CALMA -  FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER  (EMMANUEL)

quinta-feira, 13 de março de 2014

RUSGAS DOMÉSTICAS

De pequena rusga doméstica pode nascer extensa caudal de rixas e aversões.

Aprender a ouvir sem contradizer, para aclarar qualquer ponto obscuro em momento adequado, é sinal evidente de compreensão e sabedoria.

Auxilia à criança, não apenas a sorrir, mas também a se educar.

Respeitar os parentes do coração, que se nos ligam nas experiências terrestres, é valioso preservativo contra desajustes positivamente desnecessários.

Evita criticar essa ou aquela minudência menos agradável no ambiente caseiro, cooperando em silêncio para que os senões desapareçam.

Nada censures, colaborando para que os problemas sejam resolvidos sem alterações e reproches.

Silenciar sobre questões nevrálgicas em família impede a explosão de conversas ofensivas ou inúteis.

Não revivas os mal-entendidos de ontem ou de qualquer fase do passado, para que faltas e erros no lar sejam realmente esquecidas.

Aprendamos a não gritar e sim conversemos.

Não te esqueças: a união começa de casa, mas a calma geral começa em ti mesmo.

Livro: CALMA -  FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER  (EMMANUEL)

RIQUEZA PREMATURA

Desapareceram documentos e objetos de valor que talvez te abastecessem de recursos materiais para muito tempo.

Perdeste a oportunidade de garantir uma pensão sólida nos dias do futuro em que teu corpo, talvez, não mais te auxiliasse a trabalhar pela própria manutenção, unicamente em face da desatenção  de alguém ou porque a memória não te auxiliasse a recordar minudências alusivas ao assunto.

Não te permitas destrambelhar o pensamento por isso.

Possivelmente amigos espirituais, zelosos e atentos, te houvessem auxiliado a perder essas vantagens em teu próprio benefício.

Indaga de ti, se estarias efetivamente em condições de trabalhar, caso estivesses com a vida escorada no dinheiro excessivo.

Medita na situação dos parentes aos quais talvez o excesso de recursos financeiros afastasse da obrigação de servir, com a agravante de induzi-los aos perigos da ociosidade dourada.

Recorda aqueles a quem a despreparação para conservar o dinheiro e administrá-lo situou em ruinosa segregação ante o medo de perder a suposta superioridade em que passariam a viver.

Pensa nos avanços indébitos da inveja e do despeito sobre os teus dias, por parte daqueles que ainda não aprenderam a respeitar a vida dos semelhantes, caso mantivesses a fortuna fora da circulação e do trabalho, sem utilidade para ninguém.

Lembra as discórdias e demandas de testamentos e inventários, promovidos por teus próprios descendentes, na hipótese da tua morte inesperada, ante os bens materiais que, porventura, deixasses sem justa e proveitosa destinação.

Aceita a vida laboriosa que Deus te concedeu, reconhecendo que a fortuna estará em tuas mãos quando souberes dirigi-la, sem permitir que ela te escravize.

Livro: CALMA -  FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER  (EMMANUEL)

quarta-feira, 12 de março de 2014

RELACIONAMENTO

Se dificuldades e provações te visitam, no relacionamento com o próximo, não te permitas requentar mágoas no coração.

Deixa que a confiança na Sabedoria Divina te dissipe qualquer sombra do pensamento, lembrando o Sol a desfazer nuvens diariamente para vitalizar e revitalizar os processos da vida.

Para isso, é imperioso que a compreensão te presida os impulsos. E a compreensão te fará saber que os outros são criaturas autônomas, gravitando sempre na direção de objetivos diferentes dos teus.

A certeza disso te livrará da solidão negativa, capaz de induzir-te a desânimo e desespero.

A verdade nos ensina que ninguém realiza o bem e nem caminha para o bem, sem os outros, mas porque isso aconteça, ninguém pode exigir que os outros lhe carreguem a existência, nas sendas a percorrer.

Os outros serão nossos cooperadores, intérpretes, associados e companheiros, enquanto isso se lhes faça possível, ocorrendo o mesmo conosco, em relação a eles.

À vista disso, ama aos amigos sem prendê-los.

Esse terá sido o sustentáculo de tuas esperanças, por muito tempo; entretanto, é possível surja um dia em que não consiga permanecer inteiramente ao teu lado, em face de novas tarefas que lhe despontam na senda.

Outro te entendia os propósitos, até ontem; no entanto, experiências, que se lhe fizeram necessárias, alteraram-lhe provisoriamente os raciocínios.

Aceita-os quais se mostram, continuando a agir no exercício do bem e seguindo adiante na construção da vida melhor em ti mesmo.

Ninguém aprende algo de bom e nem melhora a si mesmo, sem os outros, mas ninguém pode depender totalmente dos outros nas realizações que demande.

Nos momentos de mudanças e renovação para aqueles a quem mais amas, afasta de ti a idéia de separação e não te lastimes.

Prossegue trabalhando, porque, pelos Desígnios da Vida Superior, outros virão ao teu encontro para a execução das tarefas que o mundo te conferiu e os que se afastam de ti voltarão depois, com mais força de amor, a fim de te auxiliarem ou serem auxiliados.

A verdade não se deteriora.

Somente perde os seres queridos aquele que possessivamente os procura, quando se fazem distantes, porquanto quem ama, ama sempre, e de tal modo que, ainda mesmo quando os corações amados se distanciam, o coração que ama prossegue amando-os e abençoando-os, sabendo conscientemente que, pelas forças do espírito, jamais deles se afastará.

Livro: CALMA -  FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER  (EMMANUEL)

terça-feira, 11 de março de 2014

PREVENÇÕES NEGATIVAS

Mantenhamos a idéia clara e positiva do bem para que a prevenção negativa não nos perturbe.

Não mentalizes sofrimentos suscetíveis de surgir amanhã, porque talvez jamais aconteçam.

Doença em casa ou em ti mesmo? Aflição não substituirá providência ou medicação que exigem serenidade para o êxito devido.

Provações de familiares e amigos?

Lamentação não fará o que a fortaleza de ânimo e a coragem poderão realizar em favor deles com a tua palavra iluminada de confiança e compreensão.

Parentes difíceis? Queixas e reproches não tomarão o lugar da bondade e da aceitação com que se te fará possível auxiliá-los e melhorar-lhes a vida.

Amigos que se afastam? Reprovação não trará nenhum de volta e, se realmente estão eles em tua estima, é justo reconhecer que necessitam muito mais de bênção, que de reprovação.

Acidentes reclamando socorro? Desespero não se te fará útil, mas o espírito de iniciativa e de apoio fraternal conseguirá o concurso providencial de tua presença.

Boatos? Usa o teu arquivo de silêncio.

Acusações contra alguém? Eis chegado um grande momento para o exercício da caridade.

Em qualquer crise do cotidiano, recordemos que a Criação de Deus está iluminada pela eficiência, mas sem qualquer marca de pressa.

Livro: CALMA -  FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER  (EMMANUEL)

segunda-feira, 10 de março de 2014

PODANDO IRRITAÇÕES

Se ainda trazes, porventura, o hábito de encolerizar-te e se já consegues reconhecer-lhe os prejuízos, podes claramente erradicá-la, atendendo à própria renovação.

Inicia as atividades diárias, pensando em Deus e agradecendo as tuas possibilidades de fazer o bem.

Medita, raciocinadamente, ante o clima de conhecimento superior que já possuis, na certeza de que te encontras na ocasião de expressar o melhor de ti mesmo.

Pensa nos companheiros até agora capazes de induzir-te ao azedume, por irmãos nossos com qualidades, por enquanto, imperfeitas tanto quanto as nossas.

Se algum traço de amargura se te fixa no coração relativamente ao comportamento infeliz de alguém, através de ações que consideres lesivas aos teus ensinamentos, desculpa a esse alguém, procurando esquecer-lhe a falta naturalmente impensada.

Pondera que se os outros erram, também nós erramos, bastas vezes, na condição de espíritos, ainda ligados às múltiplas faixas da evolução terrestre.

Não te aceites por infalível, a fim de entenderes com indulgência aqueles que, acaso, te falharem à confiança.

Reflete na intimidade do coração que ninguém consegue algo realizar sem o concurso de alguém, para que aproveites os valores maduros dos colaboradores que a Divina Providência te confiou, sem estragar-lhes os valores ainda verdes.

Abstém-te de lastimar fracassos e dificuldades que já passaram e entrega-te à reconstrução da própria paz, em bases de serviço e discernimento.

Não nos esqueçamos de que, nas mais complicadas circunstâncias, a vida nos requisita a prática do bem e que, por isso mesmo, qualquer ocasião, para cada um de nós, é tempo de compreender e abençoar, auxiliar e servir.

Livro: CALMA -  FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER  (EMMANUEL)