Na semana última, terminei o primeiro ano de minha permanência no Parque e devo assinalar que recebi valioso prêmio de grata significação para mim.
Trabalhei, esforçando-me quando que possível para ser disciplinado, com aproveitamento das lições.
Nos dez últimos meses, gastei as horas de recreio em serviços de proteção aos animais, que passaram a querer-me bem, com amizade e simpatia; realizei estudos espirituais de muita importância para o meu futuro, e participei, algumas vezes, de comissões de auxílio fraternal, enviadas a companheiros de luta. Alegre tranquilidade banhava-me a consciência.
Muitos meninos de minha classe foram promovidos a curso mais elevado, entre os quais tive o júbilo de ser incluído.
Houve uma festa, cheia de alegria e beleza, em que recebi o distintivo da “Boa-Vontade”, uma linda medalha, esculturada numa substância semelhante a prata e luminosa, apresentando essas duas palavras escritas, em alto relevo, com uma tinta dourada.
Nesse dia venturoso, o professor abraçou-me comovidamente e declarou-me que eu poderia solicitar alguma coisa, alguma concessão nos trabalhos finalistas.
No fundo de meu coração, estava o desejo de ir a casa. Queria abraçar mamãe, papai e ver você. Tinha a idéia de que me encontrava distante há muitos anos e, por isso mesmo, recebi a notificação com imensa alegria.
Respondi, ansioso, que, se me fosse permitido rogar algum contentamento maios que o de ser promovido à categoria superior, pediria para visitar o lar terreno, a fim de abraçar os entes amados de meu coração.
O instrutor, porém, afagando-me delicadamente, ponderou que eu ainda não possuía as forças precisas para semelhante cometimento. Ave frágil, não dispunha de penas para vôo tão arrojado. Mas acrescentou que o meu desejo seria atendido em parte.
No dia seguinte, fui notificado de que veria mamãe, apenas mamãe, por alguns momentos, numa instituição piedosa situada nas regiões mais próximas daí.
Logo após, numa linda noite, acompanhado de tia Eunice, a cujos cuidados me deixou o orientador, fui ao encontro de nossa mãezinha, numa casa grande e bonita, onde havia intensa movimentação de Espíritos amigos já distanciados do corpo carnal.
O que foi essa hora divina, não poderei descrever. Mamãe foi trazido por uma senhora iluminada e bela. Parecia mergulhada numa indefinível admiração que a tornava perplexa. Parecia não ver a senhora que a amparava, maternalmente, e, ao aproximar-se de nós, não percebeu a presença de nossa tia, ao meu lado. Quando pousou os olhos sobre mim, reconheceu-me e gritou meu nome muitas vezes. Atirei-me, chorando de júbilo, aos seus braços e estivemos assim, unidos e em lágrimas, durante todos os minutos reservados ao reencontro.
Por fim, a generosa mensageira que a trouxera aproximou-se de mim e falou:
- Basta, meu filho! A alegria também pode prejudicar os que ainda se encontram no corpo.
- Em seguida, retirou mamãe, devagarinho, como quem cuida de uma pessoa doente.
Voltei, então, ao Parque, junto de tia Eunice, com uma esperança nova a banhar-me o coração.
A Bondade de Deus não nos separa as almas para sempre.
(Livro: Mensagens do Pequeno Morto - Psicografia de Francisco C. Xavier - Espírito Neio Lúcio)
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