Entre os tormentos psicológicos alienadores, a presença do ressentimento na criatura humana tem lugar de destaque.
Injustificável, sob todos os pontos de vista, ele se instala, enraizando-se no solo fértil das emoções em descontrole do paciente, aí engendrando males que terminam por consumir aquele que lhe dá guarida.
A vida expressa-se em padrões sociais, resultado da condição evolutiva das criaturas que se inter-relacionam. Como é natural, porque há uma larga variedade de biótipos emocionais, culturais e religiosos ou não, as suas são reações compatíveis com os níveis de consciência em que se encontram, exteriorizando idéias e comportamentos que lhes correspondem ao estado no qual se demoram.
A convivência humana é feita por meio de episódios conflitivos, por falta de maturação geral que favoreça o entendimento e a transação psicológica em termos de bem-estar para todos os parceiros. Predominando a natureza animal em detrimento dos valores espirituais e éticos, a competição e o atrevimento armam ciladas, nas quais tombam os temperamentos mais confiantes e ingênuos, que se deixam, logo após, mortificar.
Descobrindo-se em logro, acreditando-se traído, o companheiro vitimado recorre ao ego e equipa-se de ressentimento, instalando, nos painéis da emotividade, cargas violentas que terminarão por desarmonizar-lhe os delicados equipamentos e se refletirão na conduta mental e moral.
O ressentimento, por caracterizar-se como expressão de inferioridade, anela pelo desforço, consciente ou não, trabalhando por sobrepor o ego ferido ao conceito daquele que o desconsiderou.
No importante capítulo da saúde mental, indispensável ao equilíbrio integral, o ressentimento pode ser comparado a ferrugem nas peças da sensibilidade, transferindo-se para a organização somática, refletindo-se como distúrbios gástricos e intestinais de demoradas conseqüências.
Gastrites e diarréias inexplicáveis procedem dos tóxicos exalados pelo ressentimento, que deve ser banido das paisagens morais da vida.
As pessoas são, normalmente, competitivas, no sentido negativo da palavra, desejando assenhorearse dos espaços que lhes não pertencem e, por se encontrarem em faixas primitivas da evolução, fazem-se injustas, perseguem, caluniam. É um direito que têm, na situação que as caracterizam. Aceitar-lhes, porém, os petardos, vincular-se-lhes às faixas vibratórias de baixo teor, no entanto, é opção de quem não se resolve por preservar a saúde ou não deseja crescer emocionalmente.
Quando o ressentimento exterioriza as suas manifestações, deve ser combatido, mental e racionalmente, eliminando a ingerência do ego ferido e ensejando a libertação do eu profundo, invariavelmente esquecido, relegado a plano secundário.
O indivíduo, através da reflexão e do auto-encontro, deve preocupar-se com o desvelamento do si, identificando os valores relevantes e os perniciosos. sem conflito, sem escamoteamento, trabalhando aqueles que são perturbadores, de modo a não facultar ao ego doentio o apoio psicológico neles, para esconder-se sob o ressentimento na justificativa de buscar ajuda para a autocompaixão.
O processo de evolução é incessante, e as mudanças, as transformações fazem-se contínuas, impulsionando à conquista dos recursos adormecidos no imo, o Deus interno que jaz em todos os seres.
A liberação do ressentimento deve ser realizada através da racionalização, sem transferências nem compensações egóicas.
À medida que a experiência fixa aprendizados, esse terrível gigante da alma se apequena e se dilui, desaparece, a partir do momento em que deixa de receber os alimentos de manutenção pela idéia fixa e mediante o desejo de revidar, de sofrer, de ser vítima...
do livro O SER CONSCIENTE de Divaldo P. Franco pelo espírito Joanna d´Ângelis
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