Para Sentir

“Só devemos dizer aquilo que o coração pode testificar mediante atos sinceros, porque, de outra forma, as afirmações são simples ruído sonoro de uma caixa vazia.”

Texto extraído do livro BOA NOVA, Lição 10 – O Perdão - Psicografia de Francisco Cândido Xavier, por Humberto de Campos

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A conquista de si mesmo

A aquisição da consciência demanda tempo e es­forço humano, tornando-se o grande desafio do pro­cesso da evolução do ser.

Surgem-lhe os pródromos, na fase do instinto, abrindo espaço para a razão, como fenômeno natural do desenvolvimento antropológico-psicológico-socio-lógico da criatura.

O discernimento do bem e do mal, do certo e do errado, e as aquisições ético-morais aparecem, como se fossem o medrar espontâneo da essência divina de que é constituído o Espírito; todavia, o aprimoramento e a profundidade desses valores dependem do empenho, do interesse, das realiza­ções de cada um.

Herdeiro dos arquétipos remotos dos seus ante­passados, o indivíduo mantém por atavismos religio­sos e culturais a consciência de culpa, especialmente os ocidentais, vitimados pelas heranças judaico-cris­tãs, no que diz respeito à desobediência de Eva, no paraíso, e ao fratricídio cometido por Caim contra Abel.

A divina punição de Deus pela rebeldia da mulher e pela insensatez do homem, que a seguiu no erro, responde pelo sofrimento que os acicata, assim como a expulsão do criminoso aumenta-lhe a angústia, dan­do-lhe margem ao ciúme doentio e à raiva, conside­rando a preferência injustificável de Deus por Abel, cujas oferendas mais O agradavam...

A absurda aceitação literal do texto bíblico, que tem um caráter simbólico, quiçá para demonstrar o momento em que surge a consciência, — quando o ser pode identificar o que deve, daquilo que não lhe é lícito realizar, saindo do automatismo do instinto para a seleção do discernimento racional, representados no mito da Árvore do conhecimento do bem e do mal —devido a interpretações apaixonadas e fanáticas, ge­rou conflitos que ainda remanescem nas vidas psico­logicamente imaturas.

Na fase do instinto, os fenômenos biológicos au­tomáticos não se fazem acompanhar das dores, que são maiores conforme mais seja apurada a sensibili­dade, qual sucede na ocorrência do parto, que passou a ser punição divina, tornando a procriação um verda­deiro castigo, fruto ainda da desobediência que, mile­narmente, transformou a comunhão sexual em conde­nável e imunda, do ponto de vista puritano e hipócrita.

Fonte de vida, o sexo é o instrumento para a per­petuação da espécie, não sendo credor de qualquer condenação. O ultraje e a vulgaridade, a nobreza e a elevação amorosa mediante os quais se expressa, de­pendem do seu usuário e não da sua função em si mesma.

Igualmente a arbitrária eleição celeste de um por outro irmão, ambos gerados em circunstâncias iguais, teria que despertar ressentimentos contraditórios, de ciúme e de raiva, no rejeitado, que levariam inevita­velmente ao hediondo fratricídio...

De geração em geração, a criança que se sentia desprezada, desenvolveu esses sentimentos perver­sos, perturbando o desenvolvimento da consciência e a conseqüente conquista de si mesmo.

Em qualquer atividade, competitiva ou não, o in­consciente desatrela a insegurança infantil, ali ador­mecida, e surgem os conflitos, a infelicidade, a des­confiança desastrosa.

Graças, porém, à reencarnação, o progresso do ser é imperioso, inevitável, e os mecanismos da evolução se expressam, trabalhando-o e promovendo-o a níveis e patamares cada vez mais elevados, até quando o ser, liberto dos conflitos, conquista os sentimentos que canalizará na direção de novas metas, que alcança realizando-se, plenificando-se.

Já não luta contra as coisas, mas luta pelas coi­sas, que aprende a selecionar e qualificar, abando­nando, por superação, as paixões dissolventes e fi­xando os valores que enobrecem.

Percebendo-se instrumento da vida, que faz par­te da harmonia do Universo, o indivíduo supera a rai­va, por ausência do ciúme, e não compete para des­truir, mas trabalha para fomentar o progresso, no qual se engaja e se realiza.

A conquista de si mesmo resulta, portanto, do amadurecimento psicológico, pela racionalização dos acontecimentos, e graças às realizações da solidari­edade, que facultam a superação das provas e dos sofrimentos, os quais passam então a ter um com­portamento filosófico dignificante — instrumentos de valorização da vida — ao invés de serem castigos àculpa oculta, jacente no mundo íntimo.

A libertação dessa consciência doentia facilita o entendimento do mecanismo da responsabilidade no comportamento que estabelece o lema: A cada um conforme os seus atos, segundo ensinou o Terapeuta Galileu.

Senhor do discernimento, o homem descobre que colhe de acordo com o que semeia, e que tudo quanto lhe acontece, procede, não tendo caráter castrador ou punitivo. Sente-se emulado a gerar novos futuros efei­tos, agindo com consciência e produzindo com eqüi­dade. Tal conduta proporciona-lhe a alegria que provém da tranquilidade da realização, considerando que sem­pre é tempo de reparar, e postergação é-lhe prejuízo para a economia da sua plenificação.

O homem que se conquista supera os mecanis­mos de fuga, de transferência de responsabilidade, de rejeição e outros, para enfrentar-se sem acusação. sem justificação, sem perdão.

Descobre a vida e que se encontra vivo, que hoje é o seu dia, utilizando-o com propriedade e sabedoria. Não tem passado, nem futuro, neste tempo intempo­ral da relatividade terrestre, e a sua é uma consciên­cia atual, fértil e rica de aspirações, que busca a inte­gração na Cósmica, que já desfruta, vivendo-a nas expressões do amor a tudo e a todos intensamente.

A conquista de si mesmo é lograda mediante o querer.

Jesus afirmou que se poderia fazer tudo quanto Ele fez, se se quisesse, bastando empenhar-se e en­tregar-se à realização. Para tanto, necessário seria a fé em si mesmo, nos valores intrínsecos, que seriam desenvolvidos a partir do momento da opção.

Francisco de Assis, o santo, assim quis e o conse­guiu.

Apóstolos do bem, da ciência e da fé, do pensa­mento e da ação quiseram, e o lograram.

Homens e mulheres anônimos entregaram-se aos ideais que lhes vitalizaram as existências e, superan­do-se, autoconquistaram-se.

A conquista de si mesmo está ao alcance do que­rer para ser, do esforçar-se para triunfar, do viver para jamais morrer...

do livro O SER CONSCIENTE de Divaldo P. Franco pelo espírito Joanna d´Ângelis

terça-feira, 29 de maio de 2012

Pensa um pouco

“As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas testificam de mim.”  – Jesus. (João, 10:25).

É vulgar a preocupação do homem comum, relativamente às tradições familiares e aos institutos terrestres a que se prende, nominalmente, exaltando-se nos títulos convencionais que lhe identificam a personalidade.

Entretanto, na vida verdadeira, criatura alguma é conhecida por semelhantes processos. Cada Espírito traz consigo a história viva dos próprios feitos e somente as obras efetuadas dão a conhecer o valor ou o demérito de cada um.

Com o enunciado, não desejamos afirmar que a palavra esteja desprovida de suas vantagens indiscutíveis; todavia, é necessário compreender-se que o verbo é também profundo potencial recebido da Infinita Bondade, como recurso divino, tornando-se indispensável saber o que estamos realizando com esse dom do Senhor Eterno.

A afirmativa de Jesus, nesse particular, reveste-se de imperecível beleza.

Que diríamos de um Salvador que estatuísse regras para a Humanidade, sem partilhar-se as dificuldades e impedimentos?

O Cristo iniciou a missão divina entre homens do campo, viveu entre doutores irritados e pecadores rebeldes, uniu-se a doentes e aflitos, comeu o duro pão dos pescadores humildade e terminou a tarefa santa entre dois ladrões.

Que mais deseja? Se aguardas vida fácil e situações de evidência no mundo, lembra-te do Mestre e pensa um pouco.

do livro Pão Nosso – Psicografia: Francisco Cândido Xavier pelo espírito Emmanuel, Ed. FEB.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A Língua

“A língua também é fogo.” – Tiago, 3:6.

A desídia das criaturas justifica as amargas considerações de Tiago, em sua epístola aos companheiros.

O início de todas as hecatombes no Planeta localiza-se, quase sempre, no mau uso da língua.

Ela está posta, entre os membros, qual leme de embarcação poderosa, segunda lembra o grande apóstolo de Jerusalém.

Em sua potencialidade, permanecem sagrados recursos de criar, tanto quanto o leme de proporções reduzidas foi instalado para conduzir.

A língua detém a centelha divina do verbo, mas o homem, de modo geral, constuma desviá-la de sua função edificante, situando-a no pântano de cogitações subalternas e, por isto mesmo, vemo-la à frente de quase todos os desvarios da humanidade sofredora, cristalizada em propósitos mesquinhos, à mingua de humildade e amor.

Nasce a guerra da linguagem dos interesses criminosos, insatisfeitos. As grandes tragédias sociais se originam, em muitas ocasiões, da conversação dos sentimentos inferiores.

Poucas vezes a língua do homem há consolado e edificado os seus irmãos; reconheçamos, porém, que a sua disposição é sempre ativa para excitar, disputar, deprimir, enxovalhar, acusar e ferir desapiedadamente.

O discípulo sincero encontra nos apontamentos de Tiago uma tese brilhante para todas as suas experiências. E, quando chegue a noite de cada dia, é justo interrogue a si mesmo: – “Terei hoje utilizado a minha língua, com Jesus utilizou a dele?”

do livro Pão Nosso – Psicografia: Francisco Cândido Xavier pelo espírito Emmanuel, Ed. FEB.

Ter e ser

Remanescem da infância física traços de insegu­rança, e conflitos perduram na idade adulta, em razão da falta de maturidade psicológica do ser, expressan­do-se como apegos às coisas e pessoas, com a conse­qüente rejeição de si mesmo, instabilidade emocional e desajuste social.

Usando os conhecidos mecanismos de evasão da responsabilidade e sentindo-se fragilizado, o indiví­duo busca a auto-realização, fixando-se em valores externos como forma de destaque no grupo social, ig­norando a sua realidade profunda.

Sentimentos egocêntricos passam a aturdi-lo e, inconscientemente, acredita-se merecedor de tudo em primeiro lugar, com desconsideração pelos de­mais. Quando tal não ocorre, surgem-lhe as marcas predominantes do egoísmo e passa a reunir recursos que amontoa satisfazendo o ego, mesmo quando atin­ge os picos do poder ganancioso.

A imaturidade asselvaja-lhe e obnubila-lhe a ra­zão, que permanece asfixiada pelos tormentos do ter, enlouquecendo, a pouco e pouco, a sua vítima, cada vez mais ansiosa por novos haveres.

Ninguém vive bem sem a segurança de si mes­mo. Quando esta não decorre do auto-encontro liber­tador, é buscada através dos meios externos, que en­volvem o seu possuidor em preocupações de aumen­tá-las, em medos de perdê-las, passando à angústia de mais assegurar-se da sua retenção. Como efeito, vai traído pela concupiscência da posse, tornando-se possuído pelo objeto que supõe possuir.

Desperta-se-lhe em grau crescente a avareza que o amarfanha, e, depois da alegria fugaz da posse material, transfere-se para a ilusão da dominação ar­bitrária de outras vidas, de outras pessoas, acredi­tando-se capaz de detê-las, subjugá-las como con­quistas a mais.

Autodesprezando-se, graças à insegurança ínti­ma, não se considera merecedor de afetos, supondo que, quantos se lhe acerquem, estão interessados no que ele tem, e jamais no que é.

Porque se sente sem possibilidade de amar, em­bora lhe irrompam episódios de afetividade, que con­verte em paixões de gozo imediato, não crê que pode ser amado com desinteresse pelos seus haveres.

Assim não sucedendo e vindo a consorciar-se, ele o faz mediante cláusulas de separação de bens, bens que lhe são alicerces de segurança no inconsciente.

Com a percepção embotada, mede os fenômenos existenciais com os instrumentos da atividade contá­bil, considerando triunfadores somente os que dis­põem de contas bancárias volumosas, latifúndios lar­gos e semoventes aos milhares...

A sua louca ambição torna-o misantropo, deten­do-o no pórtico das grandes realizações, sem a cora­gem moral para atravessá-lo, amesquinhando-o. Se vence o medo de doar algo e o realiza, necessita de ter o ego recompensado pela gratidão, passando àcondição de benfeitor, quando tudo no mundo, com o seu caráter de transitoriedade, faz, das criaturas aqui­nhoadas, mordomos que prestarão contas, ou servi­dores encarregados de bem aplicar, qual o ensina­mento de Jesus através da parábola dos talentos no Evangelho.

O bom aplicador, além dos juros que recebe, ex­perimenta o júbilo da realização, a imensa alegria do serviço, exteriorizada no bem-estar que proporciona.

Ninguém tem coisa alguma no mundo: nem cor­po, nem valores amoedados, nem pessoas sob domí­nio... A incessante transformação, vigente no Cosmo, tudo altera a cada instante, e o vivo de agora estará morto logo mais; o dominador torna-se vítima; o cor­po se dilui; os objetos passam de mãos...

Todo aquele que busca a posse, o ter e reter, per­manece vazio de sentimentos e, porque nada é, en­che-se de artefatos e coisas brilhantes, porém mor­tas, prosseguindo cheio de espaços e abarrotado de preocupações afugentes.

O objetivo da vida humana parte do ponto inicial no corpo — a infância — e cresce sem perder o contato com a sua realidade original, ser transcendental que é. Chegando à realização da consciência, deve expan­di-la, enquanto mais se autopenetra e descobre no­vos potenciais a desenvolver.

Ser consciente de si mesmo é a meta existencial, conseguindo o auto-amor que desdobra a bondade, a compaixão, a ação benéfica em favor do próximo.

Alguns psicólogos transpessoais concluem que, à meditação transcendental — abstrata—, os sentimen­tos de amor e autodoação — concretos — devem pre­valecer emulando o indivíduo a ser integral, realiza­do, capacitado para a felicidade.

Os conflitos então cedem lugar, quando os seus espaços são preenchidos pelas realizações expressi­vas, libertadoras.

A autovalorização não-egoísta, despretensiosa, permite o encontro do self, que se desvela com infini­tas possibilidades. Rompem-se os limites que ames­quinham e ampliam-se as áreas de produção que en­grandecem.

Correspondendo a esse estágio, o amadurecimen­to psicológico faz que o indivíduo cresça sempre e cada vez mais, reconhecendo a sua pequenez, que se agranda ante a excelência da Vida que ele con­quista.

O individualismo que nele prevalecia cede lugar ao amor que convive e se expande na direção dos ou­tros, aqueles que constituem a sociedade na qual se encontra, passando a trabalhá-la, a fim de que tam­bém ela seja feliz.

A vaidade, o narcisismo, que existiam na sua per­sonalidade, desaparecem por ausência da vitalidade fornecida pelo ego inseguro, que tinha necessidade de sobreviver, já que o self se encontrava soterrado no desconhecimento.

A conquista do si é realização que independe do ter, do reter, mas que não prescinde do interesse e da luta enviada para ser.

A segurança psicológica do indivíduo centraliza-se no autoconhecimento, na auto-identificação, no auto-amor, no ser.


do livro O SER CONSCIENTE de Divaldo P. Franco pelo espírito Joanna d´Ângelis

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Enfermidade e cura

O fenômeno biológico do desgaste orgânico, das distonias emocionais e mentais da criatura humana, é perfeitamente natural como decorrência da fragilida­de estrutural de que se constitui.

Equipamentos delicados, que são, sofrem as influ­ências externas e internas que contribuem para as suas alterações, e até mesmo a sua morte, mediante as in­cessantes transformações a que se encontram sujeitos.

Temperaturas que se alternam e ultrapassam os limites da sua resistência, condições outras atmosféri­cas e de insalubridade, colônias de bactérias e microor­ganismos agressivos, quão destruidores, atacam-lhe as peças e quase sempre as vencem, estabelecendo dis­túrbios que se transformam em enfermidades variadas.

Por outro lado, choques emocionais, estados ina­bituais de depressão e ansiedade, pressões de qual­quer ordem, especialmente as psicossociais e econô­micas, as afetivas, arrastam-nos a desorganizações perturbadoras. Seqüelas de várias doenças, muitas delas agridem esses mais intrincados conjuntos ele­trônicos, produzindo perturbações funcionais e psíqui­cas, que tipificam desequilíbrios da mente e da emoção.

A própria constituição desses órgãos tem muito a ver com as origens genéticas e, posteriormente, com os fatores organizadores do lar, da família, do grupo social, contribuindo decisivamente para as manifes­tações de saúde ou de desconserto.

O ser, porém, em si mesmo trinitário — Espírito, perispírito e matéria — é o resultado de largo proces­so de educação e desenvolvimento, através das con­tínuas experiências reencarnacionistas.

Em cada fase da vilegiatura, no corpo ou fora dele, o Espírito conquista bênçãos que incorpora ao patri­mônio evolutivo, moldando os futuros corpos de acor­do com tais aquisições, que são afetadas vibratoria­mente pelas ondas de energia positiva ou negativa que emite sem cessar.

Como conseqüência, cada criatura é especial, com reações específicas e modelagem própria, embora semelhanças profundas em umas, quão discordantes em outras.

Esse logros da evolução refletem-se na constitui­ção orgânica, na emocional e na psíquica, selecionan­do genes e valores que lhes facultem estabelecer os aparelhos correspondentes e necessários para o prosseguimento da evolução.

Assim organizam-se moralmente as estruturas expiatórias e provacionais, como recursos necessári­os para a aprendizagem e a fixação dos valores propi­ciatórios ao progresso.

As expiações normalmente talam o ser orgânico ou psíquico de maneira irreversível, como decorrên­cia dos atos pretéritos de rebeldia: suicídio, homicí­dio, perversidade, luxúria, concupiscência, avareza, ódio e os seus sequazes.

As provações, por sua vez, são corretivos tempo­rários que servem de advertência à insânia ou à co­modidade, ao erro ou ao vício, facultando a reconquis­ta da harmonia mediante esforço justo de recompo­sição interior, reintegrando o ser na ordem vigente do Universo.

Não nos referimos aqui aos quesitos das neces­sidades morais e sociais, detendo-nos, apenas, na­queles pertinentes à saúde e à doença.

Esses quadros das ações morais geram as reações correspondentes, como leis de causa e efeito, prope­lindo a resgates idênticos aos danos e prejuízos pro­duzidos.

Conhecidos esses efeitos como carma, também esse pode ser positivo e edificante conforme as reali­zações anteriores, que propiciem felicidade e paz.

Vulgarmente, porém, o conceito de carma passou a ser aceito como imperativo afugente e reparador, a que ninguém foge, por efeito das suas más ações. Entretanto, esse carma, quando provacional, tem a liberá-lo o livre-arbítrio daquele que o padece, como através do mesmo pode mais encarcerar-se, a depen­der do novo direcionamento que lhe ofereça.

As realizações morais geram energias positivas que anulam aquelas negativas, que propiciam o sofri­mento de qualquer natureza, ensejando estímulos para a superação das antigas conjunturas atormentantes.

Sujeito, por espontânea escolha, ao carma nega­tivo, o ser expressa, além dos problemas na área da saúde, conflitos diversos na emoção, no comportamen­to, a surgirem como complexo de culpa (inconscien­te), timidez, medo, ansiedade, insegurança... Ao mes­mo tempo, autodesvalorização, ausência da auto-es­tima, presença de outros complexos, como os de superioridade, de inferioridade, narcisismo, de Édipo, de Eletra, e mais outros, gerando patologias graves que, não obstante, podem ser superadas mediante terapi­as especializadas e grande esforço pessoal.

No vasto quadro das enfermidades, a ausência do auto-amor do paciente responde pela desarmonia que o aflige. Nem sempre essa manifestação é consciente, estando instalada nos seus refolhos como forma de desrespeito, desconfiança e mágoa por si mesmo, de­fluentes das ações infelizes pretéritas.

Quando uma doença se instala no organismo físico há uma fissura no conjunto vibratório que o mantém. A mente deve então ser acionada de imediato para corri­gir tal distúrbio, de modo a propiciar-se a saúde.

Quase sempre, porém, os tóxicos da ira, da re­beldia e do ressentimento são introjetados no orga­nismo, agravando mais a paisagem afetada.

Quase sempre inseguro, o ser considera que não merece o que lhe ocorre agora e teme pelo agravamen­to do mal, que se lhe transforma em problema afugente, ao qual acrescenta os fantasmas da dúvida, do aturdi­mento, do desamor cultivado sob muitos disfarces.

A amorterapia tem as suas diretrizes firmadas no ensinamento evangélico, proposto por Jesus, quando estabeleceu: — Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, como a si mesmo é um imperativo que não pode ser confundido com o egoísmo, ou o egocentrismo, mas com o respeito e direito à vida, à felicidade que o indivíduo tem e merece.

Trata-se de um amor pre­servador da paz, do culto aos hábitos sadios e dos cuidados morais, espirituais, intelectuais para consi­go mesmo, sem o que, a manifestação do amor ao próximo é transferência da sua sombra, da sua ima­gem (fracassada) que logo se transforma em decep­ção e amargura, ou a Deus, a Quem não vê, tudo dEle esperando, ainda como mecanismo de fuga da res­ponsabilidade.

O auto-amor induz à elevação dos sentimentos e à conquista de valores éticos que promovem o indiví­duo e o iluminam interiormente, Nele estão os cuida­dos pelo corpo e sua preservação através dos recur­sos ao alcance, estimulando órgãos e células a um funcionamento harmônico, decorrente dos pensamen­tos auto-estimulantes, auto-refazentes. Igualmente énecessário desenvolver o intelecto e a emoção para marcharem juntos como asas para largo vôo, ense­jando-se conhecimento e atividade fraternal benefi­cente, que faz bem primeiro àquele que a pratica, auxiliando depois quem dela necessita.

Não é um referencial ao gozo pessoal nem às auto-satisfações dos sentidos, mas um notável recurso de equilíbrio íntimo com vistas à iluminação pessoal.

Esse amor terapêutico auxilia os campos vibrató­rios afetados pelas doenças, restaurando-lhes as defi­ciências e recompondo a harmonia do todo.

Com efeito, não evita que se adoeça ou que se morra, o que, se ocorresse, agrediria a lei da vida que estabelece: Tudo quanto nasce, morre, no que se refe­re ao fenômeno biológico terminal da matéria, em in­cessantes transformações.

Nessa visão do auto-amor, a enfermidade e a morte não constituem fracasso do ser, antes o caminho para a vida, O conceito de realidade então se altera, pas­sando a constituir-se uma plenitude que se alcança no corpo e fora dele, com naturais acidentes de per­curso. A saúde não é mais uma compulsória para a existência corporal, senão um estado sujeito a múlti­plas alterações que decorrem das variantes compor­tamentais do ser integral e que somente será lograda plenamente após o despir dos andrajos físicos, desde que estes são temporais, impermanentes.

Não obstan­te, o auto-amor enseja o desfrutar de bem-estar, de equilíbrio, de funções e órgãos saudáveis, cooperan­do para a estabilidade emocional.

Tem-se asseverado que a tensão nervosa é um dos tiranos destruidores do corpo e dos seus equipamen­tos, no entanto, a forma como é enfrentada, tem muito mais a ver com os seus prejuízos.

Na amorterapia a tensão cede lugar à confiança e amortece-se face à entrega do ser a Deus, relaxando os focos de desespero e ansiedade, os compressores dos nervos, geradores de tensão.

No auto-amor, a confiança irrestrita na realidade, da qual ninguém foge, faculta o equilíbrio propiciador da saúde. Esse sentimento produz otimismo, que éfator preponderante para o restabelecimento do cam­po de energia afetado pelo transtorno, já que favorece com uma mudança de comportamento mental, portan­to, agindo no fulcro gerador das vibrações.

Quando se vive de forma diversa à que se exterio­riza, isto é, quando se fala e aparenta algo que se não faz, há uma tendência a contrair algum tipo de enfer­midade, porque a saúde não suporta essa duplicida­de, que é geradora de infortúnio.

Há um inter-relacionamento entre mente e corpo mais sério do que parece. Desse modo, o auto-amor estimula à veracidade dos atos e das palavras, sus­tentando a saúde ou corrigindo a doença.

Os tecidos orgânicos interagem por intermédio de substâncias químicas que se movimentam na corren­te sanguínea e pelos hormônios do aparelho endócri­no. A hipófise é-lhes a responsável, que recebe os es­tímulos mediante impulsos nervosos do hipotálamo, que regula a maior parte dos fenômenos e automa­tismos fisiológicos. Todo esse mecanismo ocorre atra­vés de fibras nervosas, procedentes do cérebro, que as comanda sob as ordens da mente, consciente ou inconscientemente. Por isso, a indução do auto-amor promove vibrações harmônicas que terminam por manter, organizar ou reparar o organismo, propician­do-lhe saúde, quando enfermo.

Psicologicamente o auto-amor é, sobretudo, auto-encontro, conquista de consciência de si mesmo, ma­turidade, equilíbrio.

do livro O SER CONSCIENTE de Divaldo P. Franco pelo espírito Joanna d´Ângelis

terça-feira, 22 de maio de 2012

Necessidade de valorização

Os destrutivos gigantes da alma, que exteriorizam os tormentos e a imaturidade do ego, de alguma for­ma refletem um fenômeno psicológico, às vezes de procedência inconsciente, noutras ocasiões habilmente estabelecido, que é a necessidade da sua valorização.

Quando escasseiam os estímulos para esse come­timento do eu, sem crescimento interior, que não re­cebe compensação externa mediante o reconhecimento nem a projeção da imagem, o ego sobressai e fixa-se em mecanismos perturbadores a fim, de lograr atenção, desembaraçando-se, dessa forma, do con­flito de inferioridade, da sensação de incompletude.

Tivesse maturidade psicológica e recorreria a ou­tros construtores gigantes da alma, como o amor, o esforço pessoal, a conscientização, a solidariedade, a filantropia, desenvolvendo as possibilidades de enri­quecimento interior capazes de plenificação.

Acostumado às respostas imediatas, o ego infan­til deseja os jogos do prazer a qualquer preço, mesmo sabendo que logo terminam deixando frustração, amargura e novos anelos para fruir outros. A fim de consegui-lo e por não saber dirigir as aspirações, asfi­xia-se nos conflitos perturbadores e atira-se ao deses­pero. Quando assim não ocorre, volta-se para o mun­do interior e reprime os sentimentos, fechando-se no estreito quadro de depressão.

Renitente, faculta que ressumam as tendências do prazer, mascaradas de auto-aflição, de autoflage­lação, de autodepreciação.

Entre muitos religiosos em clima de insatisfação pessoal, essa necessidade de valorização reaparece em estruturas de aparente humildade, de dissimula­ção, de piedade, de proteção ao próximo, estando des­protegidos de si mesmos...

A humildade é uma conquista da consciência que se expressa em forma de alegria, de plenitude. Quan­do se manifesta com sofrimento, desprezo por si mes­mo, violenta desconsideração pela própria vida, exibe o lado oculto da vaidade, da violência reprimida e cha­ma a atenção para aquilo que, legitimamente, deve passar despercebido.

A humildade é uma atitude interior perante a vida; jamais uma indumentária exterior que desper­ta a atenção, que forja comentários, que compensa a fragilidade do ego.

O caminho para a conscientização, de vigilância natural, sem tensão, fundamentando-se na intenção li­bertadora, é palmilhado com naturalidade e cuidado.

Jesus, na condição de excepcional Psicoterapeu­ta, recomendava a vigilância antes da oração, como forma de auto-encontro, para depois ensejar-se a en­trega a Deus sem preocupação outra alguma.

A Sua proposta é atual, porqüanto o inimigo do homem está nele, que vem herdando de si mesmo atra­vés dos tempos, na esteira das reencarnações pelas quais tem transitado. Trata-se do seu ego, dissimula-dor hábil que conspira contra as forças da libertação.

Não podendo fugir de si mesmo nem dos fatores arquetípicos coletivos, o ser debate-se entre o passa­do de sombras — ignorância, acomodação, automatis­mos dos instintos — e o futuro de luz — plenitude atra­vés de esforço tenaz, amor e auto-realização — recor­rendo aos dias presentes, conturbados pelas heran­ças e as aspirações. No entanto, atraído pela razão à sua fatalidade biológica — a morte — transformação do soma — histórica — a felicidade — e espiritual — a liber­dade plena — vê o desmoronar dos seus anseios e re­constrói os edifícios da esperança, avançando sem cessar e conquistando, palmo a palmo, a terra de nin­guém, onde se expressam as próprias emoções con­turbadas.

Essa necessidade de valorização egóica pode ser transformada em realização do eu mediante o contri­buto dos estímulos.

Cada ação provoca uma reação equivalente. Quan­do não se consegue uma resposta através de um estí­mulo positivo, como por exemplo: — Eu te amo, para uma contestação equivalente: — Eu também, recorre-se a uma negativa: — Ninguém me ama, recebendo-se uma evasiva — Não me inclua nisso. Sob trauma ou ran­cor, o estímulo expressa-se agressivo: — Não gosto de ninguém, para colher algo idêntico: — A recíproca é verdadeira.

Os estímulos são fontes de energia. Conforme dirigidos, brindam com resultados correspondentes.

O ego que sente necessidade de valorização, sem o contributo do self em consonância, utiliza-se dos es­tímulos negativos e agressivos para compensar-se, sejam quais forem os resultados.

O importante para o seu momento não é a qualidade da resposta esti­muladora, mas a sua presença no proscênio onde se considera ausente.

Verdadeiramente, no inter-relacionamento social, quando todos se encontram, o ego isola suas vítimas para chamar a atenção ou bloqueia-as de tal forma que não ficam ausentes, porém tornam-se invisíveis. Encontram-se no lugar, todavia, não estão ali. Essa invisibilidade habilmente buscada compensa o confli­to do ego, mantendo a autoflagelação de que não énotado, não possui valores atraentes. Tal mortificação neurótica introjeta as imagens infelizes e personagens míticas do sofrimento, que lhe compõem o quadro de desamparo emocional de desdita pessoal.

Nesse comportamento doentio do ego, a necessi­dade de valorização, porque não possui recursos rele­vantes para expor, expressa-se na enganosa autoco­miseração que lhe satisfaz as exigências perturbadoras, e relaxa, completando-se emocionalmente.

Quando o self assoma e governa o ser, os estímu­los são sempre positivos, mesmo que tenham origem negativa ou agressiva, porque exteriorizam o bem-es­tar que lhe é próprio.

Se alguém diz: Não gosto de você, a mensagem transacional retorna elucidando : — Eu, no entanto, o estimo.

Se a proposta afirma: — Detesto-o, a comunicação redargue: — Eu o admiro.

Não se contamina nem se amargura, porque, em equilíbrio, possui valor, não tendo necessidade de va­lorização.

do livro O SER CONSCIENTE de Divaldo P. Franco pelo espírito Joanna d´Ângelis

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Inveja

Remanescente dos atavismos inferiores, a inveja é fraqueza moral, a perturbar as possibilidades de luta do ser humano.

Ao invés de empenhar-se na autovalorização, o paciente da inveja lamenta o triunfo alheio e não luta pelo seu; compete mediante a urdidura da intriga e da maledicência; aguarda o insucesso do adversário, no que se compraz; observa e persegue, acoimado por insidiosa desdita íntima.

Egocêntrico, não saiu da infância psicológica e pretende ser o único centro de atenção, credor de to­dos os cultos e referências.

Insidiosa, a inveja é resultado da indisciplina men­tal e moral que não considera a vida como patrimônio divino para todos, senão, para si apenas. Trabalha, por inveja, para competir, sobressair, destacar-se. Não tem ideal, nem respeito pelas pessoas e pelas suas árduas conquistas.

Normalmente moroso e sem determinação, resul­tado da sua morbidez inata, o enfermo de inveja nun­ca se alegra com a vitória dos outros, nem com a alheia realização.

A inveja descarrega correntes mentais prejudiciais dirigidas às suas vítimas, que somente as alcançam se estiverem em sintonia, porém cujos danos ocor­rem no fulcro gerador, perturbando-lhe a atividade, o comportamento.

A terapia para a inveja consiste, inicialmente, na-cuidadosa reflexão do eu profundo em torno da sua destinação grandiosa, no futuro, avaliando os recur­sos de que dispõe e considerando que a sua realidade é única, individual, não podendo ser medida nem com­parada com outras em razão do processo da evolução de cada um.

O cultivo da alegria pelo que é e dos recursos para alcançar outros novos patamares enseja o despertar do amor a si mesmo, ao próximo e a Deus, como meio e meta para alcançar a saúde ideal, que lhe facultará a perfeita compreensão dos mecanismos da vida e as diferenças entre as pessoas, formando um todo holís­tico na Grande Unidade.

do livro O SER CONSCIENTE de Divaldo P. Franco pelo espírito Joanna d´Ângelis

terça-feira, 15 de maio de 2012

Cuidados de Deus

O hábito de reclamar é muito difundido.

Em toda parte, as criaturas reclamam.

Filhos em relação aos pais, cônjuges entre si, patrões e empregados, vizinhos, amigos e meros conhecidos.

Reclamões não faltam.

Já pessoas genuinamente gratas são um tanto raras.

Quem presta atenção no que falta costuma não notar o que tem.

Esse mau hábito é especialmente triste em se tratando da Divindade.

Porque Deus é o Senhor do Universo.

Dele procedem todas as bênçãos e oportunidades.

Ele cria todos os Espíritos e lhes viabiliza existências incontáveis a fim de que se aprimorem.

Cerca-os dos mais ternos cuidados.

Providencia-lhes corpos, vidas e amores.

Inclusive cuida de boicotar seus desatinos mais graves, para que não se compliquem em excesso.

Entretanto, curiosamente, os homens ainda se sentem no direito de reclamar do Eterno.

Imaginam ter direito a mais do que recebem.

Desejam tranquilidade, riqueza, poder, fama e beleza.

Contudo, nesse querer fantasioso, esquecem-se de notar e agradecer o muito que recebem.

Olvidam a bênção dos tempos de paz, nos quais podem perseguir seus sonhos.

Não valorizam a família na qual nasceram.

Os pais que lhes cercaram os primeiros passos de cuidados.

As escolas nas quais foram matriculados.

Os professores que os instruíram.

A saúde do corpo, a existência em um país pacífico, os amigos...

Acham natural possuir tantos tesouros.

Ocorre que nem todos podem desfrutar simultaneamente dos mesmos dons.

A vida na Terra constitui uma estação de aprendizado.

Nela, as experiências variam ao Infinito.

Há os que experienciam a saúde, enquanto outros vivem a enfermidade.

Os com facilidades materiais e os de vida mais modesta.

As posições se alternam no curso dos séculos.

O papel de cada homem é ser digno e fraterno na posição em que se encontra.

Utilizar os tesouros que recebeu da vida, a fim de crescer em talentos e virtudes.

E, especialmente, entender que o próximo é um irmão de caminhada.

Ele também deseja ser feliz e viver em paz.

É igualmente um filho de Deus.

Tendo isso em mente, urge repensar os próprios hábitos.

Identificar os inúmeros cuidados recebidos de Deus.

Ser grato por todos eles e cessar de reclamar por bobagens.

Quanto à gratidão, ela tem uma forma muito especial de se manifestar.

Consiste no amparo ao semelhante em estado de sofrimento ou abandono.

A bondade para com o próximo é uma forma de gratidão que o homem pode oferecer ao seu Criador.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita em 14.05.2012

Ressentimento

Entre os tormentos psicológicos alienadores, a presença do ressentimento na criatura humana tem lugar de destaque.

Injustificável, sob todos os pontos de vista, ele se instala, enraizando-se no solo fértil das emoções em descontrole do paciente, aí engendrando males que terminam por consumir aquele que lhe dá guarida.

A vida expressa-se em padrões sociais, resulta­do da condição evolutiva das criaturas que se inter-relacionam. Como é natural, porque há uma larga va­riedade de biótipos emocionais, culturais e religiosos ou não, as suas são reações compatíveis com os ní­veis de consciência em que se encontram, exteriori­zando idéias e comportamentos que lhes correspon­dem ao estado no qual se demoram.

A convivência humana é feita por meio de episó­dios conflitivos, por falta de maturação geral que fa­voreça o entendimento e a transação psicológica em termos de bem-estar para todos os parceiros. Predo­minando a natureza animal em detrimento dos valo­res espirituais e éticos, a competição e o atrevimento armam ciladas, nas quais tombam os temperamen­tos mais confiantes e ingênuos, que se deixam, logo após, mortificar.

Descobrindo-se em logro, acreditando-se traído, o companheiro vitimado recorre ao ego e equipa-se de ressentimento, instalando, nos painéis da emotivida­de, cargas violentas que terminarão por desarmoni­zar-lhe os delicados equipamentos e se refletirão na conduta mental e moral.

O ressentimento, por caracterizar-se como expres­são de inferioridade, anela pelo desforço, consciente ou não, trabalhando por sobrepor o ego ferido ao con­ceito daquele que o desconsiderou.

No importante capítulo da saúde mental, indis­pensável ao equilíbrio integral, o ressentimento pode ser comparado a ferrugem nas peças da sensibilida­de, transferindo-se para a organização somática, re­fletindo-se como distúrbios gástricos e intestinais de demoradas conseqüências.

Gastrites e diarréias inex­plicáveis procedem dos tóxicos exalados pelo ressen­timento, que deve ser banido das paisagens morais da vida.

As pessoas são, normalmente, competitivas, no sentido negativo da palavra, desejando assenhorear­se dos espaços que lhes não pertencem e, por se en­contrarem em faixas primitivas da evolução, fazem-se injustas, perseguem, caluniam. É um direito que têm, na situação que as caracterizam. Aceitar-lhes, porém, os petardos, vincular-se-lhes às faixas vibratórias de baixo teor, no entanto, é opção de quem não se resolve por preservar a saúde ou não deseja crescer emocio­nalmente.

Quando o ressentimento exterioriza as suas ma­nifestações, deve ser combatido, mental e racionalmente, eliminando a ingerência do ego ferido e ense­jando a libertação do eu profundo, invariavelmente esquecido, relegado a plano secundário.

O indivíduo, através da reflexão e do auto-encon­tro, deve preocupar-se com o desvelamento do si, identificando os valores relevantes e os perniciosos. sem conflito, sem escamoteamento, trabalhando aqueles que são perturbadores, de modo a não fa­cultar ao ego doentio o apoio psicológico neles, para esconder-se sob o ressentimento na justificativa de buscar ajuda para a autocompaixão.

O processo de evolução é incessante, e as mudan­ças, as transformações fazem-se contínuas, impulsio­nando à conquista dos recursos adormecidos no imo, o Deus interno que jaz em todos os seres.

A liberação do ressentimento deve ser realizada através da racionalização, sem transferências nem compensações egóicas.

À medida que a experiência fixa aprendizados, esse terrível gigante da alma se apequena e se dilui, desaparece, a partir do momento em que deixa de re­ceber os alimentos de manutenção pela idéia fixa e mediante o desejo de revidar, de sofrer, de ser vítima...

do livro O SER CONSCIENTE de Divaldo P. Franco pelo espírito Joanna d´Ângelis

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Gigantes da alma

Envolto na pequenez das aspirações egóícas, o ser move-se sob as injunções das necessidades de projeção da imagem, por sentir-se incapaz de supe­rar a sombra, manifestando a força do eu real, ima­gem e semelhança de Deus.

Gerado para alcançar o Infinito e a Consciência Cósmica, é deus em germe, que as experiências evo­lutivas desenvolvem e aprimoram.

O ego, projetando-se em demasia, compõe os qua­dros de aflição em que se refugia e, negando-se a lu­tar, desenvolve os fantasmas gigantes que o protegem, quais cogumelos venenosos que desabrocham em terrenos úmidos e férteis, medrando no seu psiquismo atormentado e passando ao domínio escravizador.

Entre os terríveis gigantes da alma, que têm pre­domínio em a natureza humana, destacam-se: os res­sentimentos, os ciúmes e as invejas que entorpecem os sentimentos, açulam a inferioridade e terminam por vencer aqueles que os vitalizam, caso não se resol­vam enfrentá-los com hercúlea decisão e pertinaz in­sistência.

do livro O SER CONSCIENTE de Divaldo P. Franco pelo espírito Joanna d´Ângelis

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Queixas

O golfo de Corinto, na Grécia, é região de beleza ímpar. As suas águas, em tonalidade azul-turquesa, parecem um espelho, emoldurado pelas montanhas que lhes resguardam a tranqüilidade multimilenaria.

No monte Parnaso, em lugar de destaque, erguia-se o santuário de Delfos, o mais importante da épo­ca, onde se cultuava Apolo, o deus da razão, da cul­tura, da luz.

Na mitologia grega arcaica, Apolo era o símbolo do conhecimento, eqüacionador dos enigmas e dos conflitos. Para o seu templo, em conseqüência, acorri­am multidões aturdidas e ansiosas em busca de orientação, de segurança emocional, de solução para os problemas.

Psicanaliticamente, era um reduto onde nasciam as identificações inconscientes do ser, organizadoras do eu. Ali, as sibilas, que transmitiam as repostas do deus evocado, desempenhavam papel importante no comportamento dos consulentes, bem como das cida­des-estados que lhes buscavam ajuda, inspiração.

Era o santuário no qual se sucediam os apelos, e se multiplicavam as queixas dos desesperados, dos que necessitavam de soluções imediatas para a so­brevivência moral, financeira, social, emocional...

Hoje, reduzido a escombros, ainda permanece a sua mensagem no inconsciente da criatura, herdeira do arquétipo arcaico, que prossegue buscando solu­ções fáceis, miraculosas, sem o contributo do esforço pessoal, que deve ser desenvolvido.

Permanecendo na infância psicológica, aquele que de tudo se queixa tem a personalidade desestrutura­da, permanecendo sob constantes bombardeios do pessimismo, do azedume e dos raios destruidores da mente rebelde.

A queixa de que se faz portador é reação mental e emocional patológica, refletindo-lhe a insegurança e a perturbação, responsáveis pelas ocorrências nega­tivas que procura ignorar ou escamotear.

Ocultando os conflitos perturbadores, transfere para as demais pessoas as causas dos seus insuces­sos, sem conseguir enunciá-las, porque destituídas de lógica, passando as acusações para os tempos nos quais vive, às autoridades governamentais, à má sorte, aos fados perversos, assim acalmando-se e tor­nando-se vítima, no que se compraz.

Os mitos trágicos, que remanescem no inconsci­ente, assomam-lhe, e personificam-se nas criaturas, que passa a detestar ou nas circunstâncias, que são denominadas como aziagas.

Certamente, há fatores humanos e ocasionais que respondem pelas dificuldades e problemas humanos. São, no entanto, a fragilidade e a insegurança do paci­ente que ocasionam o insucesso, que poderia ser transformado em êxito, caso, no qual, abandonando a queixa, perseverasse na ação bem direcionada.

Não consideramos sucesso apenas o triunfo eco­nômico, social, político, religioso, artístico, quase sem­pre responsável por expressões de profundo desequi­líbrio no comportamento, gerador de estados neuróti­cos e de perturbações lastimáveis, que se agravam com as queixas.

Referimo-nos a sucesso, quando o indivíduo, em qualquer circunstância, mantém a administração dos seus problemas com serenidade, conserva-se em har­monia no êxito social ou na dificuldade, sem nenhuma perturbação ou desagregação da personalidade, atra­vés dos bem aceitos recursos de evasão da responsa­bilidade.

Por isso, o santuário de Delfos ensinava o conhe­ce-te a ti mesmo como psicoterapia relevante, e medi­ante esta contribuição o ser amadureceria, crescen­do interiormente, assegurando-se da sua fatalidade histórica, a plenitude.

A queixa, como ferrugem na engrenagem do psi­quismo, é cruel verdugo de quem a cultiva.

Substitui-la pela compreensão, perante os fenô­menos da vida, constitui mecanismo valioso de saúde psicológica.

Diante de quaisquer injunções perturbadoras, o enfrentamento tranqüilo com as ocorrências deve ser a primeira atitude a ser tomada, qual se se buscasse Apoio — o discernimento —, deixando-se conduzir pela razão lúcida — a sibila — e descobrisse a real finalidade de todos os fatos existenciais.

do livro O SER CONSCIENTE de Divaldo P. Franco pelo espírito Joanna d´Ângelis

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Autocompaixão

Psicologicamente, o homem que cultiva a autopi­edade desenvolve tormentos desnecessários que o deprimem na razão direta em que a eles se entrega.

Reflexões sobre dificuldades pessoais constituem fenômeno auxiliar para ações dignificadoras, facultan­do a identificação dos recursos disponíveis, bem como avaliação das atitudes que redundaram em insuces­so ou desequilíbrio, a fim de as evitar no futuro ou corrigi-las quanto antes.

Toda aprendizagem assenta-se nos critérios do erro e do acerto, selecionando as experiências consi­deradas saudáveis, benéficas, que se fixam pela na­tural repetição.

Desse modo, os insucessos são patamares que propiciam avanços para que se alcancem degraus mais elevados.

Quando, porém, o indivíduo elege a posição de vítima da vida, assumindo a lamentável condição de infelicidade, encontra-se a um passo de perturbações emocionais graves, logo derrapando em psicopato­logias devastadoras.

A mente, conforme seja acionada pela vontade, torna-se cárcere sombrio ou asas de libertação, e nin­guém se lhe exime à influência.

Conduzida pelos escuros corredores da lamenta­ção, desatrela condicionamentos que aprisionam o ser demoradamente.

Por isso mesmo, o cultivo da autocompaixão, me­diante a insistente reclamação em torno dos aconteci­mentos da vida, demonstrando insatisfação sistemá­tica, transforma-se em mecanismo masoquista de perturbadora presença no psiquismo. A pseudo-afli­ção mantida converte-se em motivo de alegria, reali­zando um mecanismo de valorização pessoal, cujo desvio comportamental plenifica o ego.

Todo aquele que se faculta a autocompaixão neu­rótica é portador de insegurança e de complexo de inferioridade, que disfarça, recorrendo, inconscientemente, às transferências da piedade por si mesmo, sem qualquer respeito pelas demais pessoas. Desenvolve os sentimentos de indiferença pelos problemas dos outros, fechando-se no círculo diminuto da personali­dade mórbida.

No seu atormentado ponto de vista, somente a sua é uma situação dolorosa, digna de apoio e solidarie­dade. E, quando essas expressões de socorro lhe são dirigidas, reage, recusando-as, a fim de permanecer na postura de infelicidade que o torna feliz.

Aquele que se entrega à autocompaixão nunca se satisfaz com o que tem, com o que é, com os valores de que dispõe e pode movimentar. Não raro, encon­tra-se mais bem aquinhoado do que a maioria das pessoas no seu grupo social; no entanto, reclama e convence-se da desdita que imagina, encarcerando-se no sofrimento e exteriorizando mal-estar à volta, com que contamina as pessoas que o cercam ou que se lhe acercam.

Os grandes vitoriosos do mundo lutaram com te­nacidade para romper os limites, os problemas, as enfermidades, os desafios. Não nasceram fortes; tor­naram-se vigorosos no fragor das batalhas travadas. Não se detiveram na lamentação, porque investiram na ação todo o tempo disponível.

Milton, o poeta cego, prosseguiu escrevendo ex­celentes poemas, ao invés de lamentar-se; Beethoven continuou compondo, e com mais beleza, após a sur­dez total; Chopin, tuberculoso, deu seguimento às músicas ricas de ternura, entre crises de hemoptises, e Mozart, na miséria, sofrendo competições ultrizes, traduziu para os ouvidos humanos as belas melodias que lhe vibravam na alma...

Epícteto, escravo e doente, filosofava, estóico; Demóstenes, gago, recorreu a seixos da praia, colo­cando-os sobre a língua, para corrigir a dicção; Stein­metz, aleijado, contribuiu para o engrandecimento da Quimica...

Franklin D. Roosevelt, vitimado pela poliomielite, tornou-se presidente da América do Norte e colabo­rou grandemente para a paz mundial durante a Se­gunda Guerra; Helen Keller, cega, surda e muda, co­moveu o mundo com a sua coragem, cultura, e amor a Deus, ao próximo, à vida e a si própria...

A galeria é expressiva e iluminada pelo gênio e pela coragem desses homens e mulheres extraordi­nários.

Quando se mantém a autocompaixão, extermina-se o amor, não se amando, nem tampouco a ninguém.

O homem tem o dever de aprofundar meditações em torno das aflições e dos seus problemas, a fim de os superar.

A desenvolvimento saudável do ser psicológico impele-o à confiança e o induz à atividade para a aqui­sição do sentido da vida, da sua finalidade.

Quem de si se compadece, recusa-se a crescer e não luta, estagiando na amargura com a qual se com­praz.

Fator de desintegração da personalidade, a auto-compaixão deve ser rechaçada sempre e sem qualquer consideração, cedendo espaço mental para os tenta­mes que levam à vitória, à saúde emocional e à har­monia íntima.

do livro O SER CONSCIENTE de Divaldo P. Franco pelo espírito Joanna d´Ângelis