Não deixe nunca de agradecer os favores recebidos, mas não se exceda em palavras calorosas, que podem parecer lisonja ou pieguismo. Expresse sua gratidão sem exagero, com moderação.
Aquele que faz um favor ou uma caridade, um serviço necessário e oportuno, se o faz de coração, não espera nenhum gesto de agradecimento, porque já se sentiu gratificado no ato de servir.
Muitas vezes, com gestos e palavras de exagerada gratidão, poderemos, ao contrário, desagradar, por parecer falso o exagero. Quando o bem provier de pessoas menos amadurecidas no campo da fraternidade, o suposto benfeitor, por encontrar no benefício oportunidade de alcançar sua vaidade ou merecer consideração heróica, sentindo-se um grande benemérito, já renunciou aos valores
que serão patrimônio do espírito, os que a ferrugem não corrói, e que falarão por nós na vida espiritual.
Os falsos benfeitores já receberam aquilo que desejavam, nada têm a esperar. Destroem com a sua cegueira e imprevidência a generosidade de seu gesto.
Agradeça com naturalidade, com carinho, mas evite o exagero. Não perca, no entanto, o ensejo de, um dia, surgindo oportunidade, retribuir discretamente, se possível, o benefício recebido.
Sabendo quando é bom ser servido nas horas difíceis, você aprendeu a lição definitiva no campo da solidariedade humana. Encontrou quem o aliviasse de uma dor moral, ou de uma necessidade material, em momento difícil, de horizontes aparentemente fechados. Agora, permaneça atento aos que passarem por você trazendo problemas que não conseguiram solucionar, e que está ao seu alcance ajudar de algum modo. Considere que é a sua vez de ir de encontro do
irmão carente e levar-lhe sua palavra e apoio com generosidade, sem ostentação nem exagero de palavras ou gestos. Que “a sua mão esquerda não saiba o que a direita faz”.
O meio mais agradável a Deus de sermos gratos é também nos colocarmos a seu serviço, servindo e amando sempre.
Assim, amigos, a vida nos será sempre um jardim florido, onde a chama de nosso Cristo interno, que se alteia a cada dia dando-nos o modelo divino, encontrará em nosso íntimo o aroma da serenidade, do equilíbrio, da fraternidade.
Fique atento para compreender. Quem compreende, ama, porque vive ou sabe por experiência qual é o problema do próximo. Quem se conhece, conhece o semelhante. E quem sabe, cala, saboreando em silêncio profundo e bom, onde só as vozes de Deus e de seus vanguardeiros da luz falam. E os seus ditos são saborosos, tão diferentes de nossas justificativas ou discurso.
Que haja paz.
“...A Verdade e a Vida”, Cenyra Pinto
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