Quatro de outubro é dia de São Francisco de Assis, o mestre que nos ensinou a enxergar os animais como irmãos e amar a natureza em todas as suas manifestações.
O que toma um homem notável é sua paixão pela existência. Francisco de Assis era assim, capaz de enxergar beleza no bater de asas de uma borboleta, no fluir de um rio, em cada raio de sol. Nos sopros de vida que o rodeavam, ele encontra Deus. Em seu livro O Francisco Que Está em Você (ed. Paulus), o teólogo Vilson João diz que, perto desse mestre, toda a natureza funciona como uma orquestra: as feras se curvavam, as aves cantavam e as flores batiam palmas, reverenciando sua atitude de amor.
Não é à toa que ele se tomou patrono dos animais e ainda hoje é representado com pássaros sobre os ombros. No Cântico das Criaturas, de sua autoria, ele homenageia a natureza e chama o Sol, a Lua e o vento de irmãos.
Nascido em Assis, na Itália, em 1182, veio de uma família burguesa,mas entrou para a história como exemplo de desprendimento. Renunciou a tudo o que tinha para se dedicar à vida religiosa. Diante do pai rico, que desejava que ele seguisse seus passos, despiu-se completamente, mostrando que o bem maior era o espírito. Sua crença em Jesus era tão grande que chegou a ter no próprio corpo as chagas da crucificação, fenômeno conhecido como "estigmatização" e também observado em Santa Rita de Cássia. Quando se tomou frade, passou a se dedicar ainda mais aos pobres e doentes, sobretudo aos leprosos, beijando-os sempre com infinito e verdadeiro amor.
Em 1212, fundou com sua amiga Clara - que depois também se tomaria santa - a Ordem das Damas Pobres.
Juntos, lançaram um movimento de caridade que até hoje inspira seguidores no mundo todo. Não é raro vermos, pelas ruas das grandes cidades, freis e frades franciscanos cuidando de mendigos e meninos de rua.
Em 1939,0 Papa Pio XII proclamou Francisco padroeiro da Itália, dizendo ser ele o "mais italiano dos santos e o mais santo dos italianos". Quarenta anos depois, o Papa João Paulo II deu a ele o título de patrono dos ecologistas, um jeito bem atual de homenagear e reverenciar seu nome.
Francisco morreu em Assis, em 1226, mas sua mensagem de amor ainda ecoa em nosso coração. Em sua oração mais famosa, ele nos ensina a levar o bem aonde quer que o mal se manifeste, agindo como instrumento de paz. Frei Carlos Carretto, pesquisador da vida do santo e autor de Eu, Francisco (ed. Paulus), enxerga Francisco como uma figura atemporal, pois seus ensinamentos não perdem a força com o passar dos séculos. "Até hoje, ele é um modelo de homem que não se isola em sua angústia pessoal e se lança ao encontro da natureza e de Deus", afirma Carretto.
Texto Melissa Diniz
(ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS)
"Senhor, fazei-me um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvida que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó, Mestre, fazei com que eu procure mais: consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna."
(Publicado na BONS FLUIDOS, edição de outubro de 2010)
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